Maria e os Irmãos de Jesus
Está escrito nos Evangelhos: os "irmãos" de Jesus muitas vezes o encaravam com incredulidade ou chegavam mesmo a considerá-lo um louco. Mas Jesus tinha irmãos? Ele não foi o único - e bendito - filho de Maria? A versão oficial sustentada pela IGREJA ROMANA diz que o termo "irmãos" se refere, na verdade, aos primos de Jesus. Mas não é isso o que pensam alguns dos principais estudiosos modernos do Texto bíblico. A polêmica tem raízes no século IV, quando São Jerônimo fez a principal tradução da Bíblia de seus idiomas originais - hebraico, aramaico e grego - para o latim. Aramaico era a língua falada entre Jesus Cristo e seus apóstolos. Como nela não existia uma palavra para "primos" (fato comprovado), Jerônimo teria optado pelo termo "irmãos".
Acontece que os livros do Novo Testamento não são traduções. Eles foram escritos diretamente em grego, sem essa fase de tradução. No grego, ao contrário do aramaico, sempre existiu a palavra para se referir a "irmãos". E é ela que aparece nesses textos, no lugar do termo "primos". Estaria aí, segundo alguns pesquisadores, uma prova de que Maria teve outros filhos além de Jesus - São 4: Tiago, José, Judas e Simão.
Vamos aos estudos Bíblicos para ver se JESUS teve ou não outros irmãos e se Maria morreu imaculada como os católicos pregam em suas igrejas.
Acontece que os livros do Novo Testamento não são traduções. Eles foram escritos diretamente em grego, sem essa fase de tradução. No grego, ao contrário do aramaico, sempre existiu a palavra para se referir a "irmãos". E é ela que aparece nesses textos, no lugar do termo "primos". Estaria aí, segundo alguns pesquisadores, uma prova de que Maria teve outros filhos além de Jesus - São 4: Tiago, José, Judas e Simão.
Vamos aos estudos Bíblicos para ver se JESUS teve ou não outros irmãos e se Maria morreu imaculada como os católicos pregam em suas igrejas.
A Igreja Católica tradicionalmente ensina o dogma
da virgindade perpétua de Maria, segundo o qual Jesus seria filho único e Maria
jamais teve outros filhos além dele, e os irmãos de Jesus eram meramente
primos.
Como será demasiadamente extenso tratar de todos os
pontos que envolvem este dogma e refutar uma por uma de cada uma das aberrações
que são pregadas pela Igreja Romana, irei me reservar apenas a tratar de uma
única passagem bíblica, que para mim já é suficiente para decidir o assunto.
Vamos, portanto, ao que Mateus nos diz a respeito:
“E despertando José
do sonho, fez como o anjo do Senhor tinha lhe mandado, e recebeu a sua mulher.
E ele não a conheceu [corporalmente], até que ela fez nascer ao
filho dela, o primogênito, e lhe pôs por nome Jesus” (Mateus 1:24,25)
O termo “a
recebeu como sua mulher” (v.24), tendo em vista a sua utilização entre
os hebreus, poderia dar a entender que José teve relações com Maria. Por isso,
no versículo seguinte Mateus faz questão de ressaltar que ele “não a conheceu” (corporalmente) até
quando nascesse Jesus. O termo “conhecer” era frequentemente utilizado pelos
hebreus no sentido de relações sexuais normais entre marido e mulher, como Adão
que “conheceu Eva, sua mulher; ela
concebeu e deu à luz Caim” (Gn.4:1).
Várias das mais recentes versões
já traduzem da mesma forma, tal como é o caso da NVI, que verte por: “não teve relações com ela enquanto não deu à luz a um
filho...”. Se Mateus quisesse dar a entender que José não “conheceu”
Maria nunca, teria simplesmente escrito que “ele
nunca
a conheceu”, e não que ele somente não a conheceu “até” quando Jesus
nascesse.
Ele teria essa opção pronta, a
mão, que poderia ser perfeitamente utilizada caso ele quisesse defender o dogma
da “virgindade perpétua de Maria”, e acabaria com essa questão de uma vez por
todas. Mas, ao contrário, ele faz questão de ressaltar que o tempo em que eles
se reservaram foi o determinado até o nascimento de Jesus, pois este teria que
nascer de uma virgem, para cumprir as Escrituras proféticas (Mt.1:23; Is.7:14).
Ele também poderia ter escrito o
mesmo que foi dito com relação à Mical, que “não
teve filhos até o dia da sua morte” (2Sm.6:23). Com isso, ele estaria
deixando claro que ela não havia gerado filhos durante todo o seu período
existencial (“até a sua morte”).
Contudo, no caso de Maria é diferente: ao invés de
Mateus relatar que “não teve mais filhos até a sua morte”, afirma que José não a conheceu
corporalmente “até
que ela fez nascer ao filho dela”.
Ou seja, essa restrição do relacionamento corporal não estava relacionada a todo
o seu período existencial, mas somente até o momento que Jesus nascesse (“até que lhe nascesse o primogênito”).
Que o “até
que” é uma prova conclusiva de que Maria teve outros filhos além de Jesus,
além do fato de que o evangelista Mateus poderia perfeitamente ter escrito de
forma diferente que visasse defender o dogma e não colocá-lo em dúvida, vem do
fato de que em diversas outras ocasiões este mesmo termo aparece no Novo
Testamento não deixando dúvidas quanto ao fato de que o “até que” marca o fim
de um acontecimento para dar lugar a outro.
Por exemplo, em Apocalipse lemos Deus dizendo: “Mas o que
tendes, retende-o até que eu venha” (Ap.2:25).
É óbvio que Deus não quer que nós continuemos retendo mesmo depois que
Jesus voltar, quando haverá a recompensa e retribuição das nossas obras. Da
mesma forma, Paulo disse:
“Porque, sempre
que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até
que ele venha” (1 Coríntios 11:26)
É evidente que Paulo não
queria que os coríntios continuassem celebrando a Ceia do
Senhor mesmo depois que Ele voltar. Novamente, o “até que” marca o fim de um acontecimento, designando o limite
dele. João escreve no Apocalipse que “o
restante dos mortos não voltou a viver até que se completassem os
mil anos” (Ap.20:5).
Esse “até que” marca o limite de um acontecimento ou restrição. Ninguém
iria contestar o fato de que o restante dos mortos voltou a viver depois que se
completaram os mil anos. E como sabemos disso? Por causa do “até”! Se ele não marcasse
conclusivamente o fim de um acontecimento ou restrição, ele não provaria que os
mortos voltaram a viver e nem nós saberíamos disso, embora esteja implicitamente
óbvio no texto.
Jesus também disse que “aquele que perseverar até o fim será
salvo” (Mt.24:13). Se o “até” não
delimitasse o limite, iria ter gente perseverando mesmo depois de ter acabado
tudo! Lucas diz que “agarraram Pedro e João e, como
já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia
seguinte” (At.4:3). Sabemos que no dia seguinte Pedro e João foram
soltos porque o “até” nos indica
claramente o fim daquele acontecimento.
Se os apóstolos tivessem sido
doutrinados na exegetica católica onde o “até” não marca necessariamente o fim
de um acontecimento, eles estariam esperando sair da prisão até hoje! Se o
“até” não marcasse o fim, não faríamos a mínima ideia de
quando eles foram soltos – poderia ter sido anos depois, quem sabe!
Depois da transfiguração,
Jesus disse: “Não contem a ninguém o que vocês
viram, até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos
mortos” (Mt.17:9). Prova de que Pedro entendia que o “até que” delimitava um limite, é o
fato de que ele próprio realmente contou sobre isso depois que Jesus
ressuscitou (2Pe.1:17,18). Ou seja: ele compreendia que o “até que” era
necessariamente uma restrição que chegava ao fim depois daquilo.
Portanto, com tantas
esmagadoras evidências bíblicas de que o “até
que” delimita um limite que é ultrapassado com o fim da restrição, por que
deveríamos pensar que bem exatamente no caso de Mateus 1:25 a coisa deveria ser
diferente? Ora, o que ocorre no texto de Mateus 1:25 é rigorosamente a mesma
estrutura que ocorre nos textos que acabamos de passar.
Se cremos que os mortos
revivem depois de mil anos, que Pedro falaria da transfiguração após a
ressurreição de Cristo e que Pedro e João foram soltos no dia seguinte, é
porque o “até que” nos diz isso. Se
a mesma estrutura textual é aplicada no texto de Mateus 1:25 e usarmos um
critério básico da exegese (dois pesos, duas medidas), a mesma coisa acontece
também no texto de Mateus 1:25, onde uma restrição é lançada tendo o seu fim depois
do “até que”. Portanto, Maria foi virgem até que nascesse Jesus, e não
perpetuamente.
O fato de Mateus acrescentar
também que Maria deu a luz ao seu “primogênito”
(v.25) também indica que ela teve outros filhos. Caso assim não fosse, teria
simplesmente escrito que Jesus era o seu “filho único”, como a Bíblia frequentemente
afirma em outros casos, em que de fato não havia outros irmãos na família
(Lc.7:12; Lc.9:38), como o caso da viúva de Naim, cujo “filho
único” (Lc.7:12) havia falecido, e do homem que queria expulsar de seu
filho o demônio, porque era o seu “filho único”
(Lc.9:38).
Por que nestes casos não está
escrito que eles eram os seus filhos primogênitos? Porque eles eram os seus
únicos filhos. Quando alguém era o primeiro de outros filhos de uma mesma mãe,
é comum a Bíblia chamar de “primogênito”;
porém, quando ele não apenas é o primeiro, mas também o único, a palavra usada frequentemente é “filho único”, como mostra a tabela abaixo:
Primeiro e único filho >> “Filho único” (Lc.7:12; 9:38)
Primeiro de outros filhos >> “Primogênito” (1Cr.4:4; 2:50; 1:29)
Último filho >> “Caçula” (Jz.1:13; 3:9; 1Sm.14:49)
Primeiro de outros filhos >> “Primogênito” (1Cr.4:4; 2:50; 1:29)
Último filho >> “Caçula” (Jz.1:13; 3:9; 1Sm.14:49)
Jesus se enquadra no segundo
quadro, e não no primeiro (Mt.1:25; Lc.2:7).
Em suma, Mateus não escreve nem
que José não teve relações com ela nunca, nem tampouco que Jesus era o seu
filho único. O texto bíblico não verte: “...e ele nunca a conheceu, e ela fez
nascer ao filho único dela, e
lhe pôs o nome de Jesus”. Ao contrário, diz categoricamente que a
restrição estava lançada “até...” o nascimento daquele
que foi o primeiro dos filhos de Maria.
O fato de Maria ter tido outros
filhos, cumprindo o papel de esposa para com o seu marido (1Co.7:3-5), de modo
algum chega a ser algum tipo de desprezo a ela ou ao matrimônio. Ao contrário,
o que Deus proíbe é o adultério, o
ato de trair o seu cônjuge com alguma outra pessoa (Lc.18:20). O relacionamento
natural entre marido e mulher é apoiado biblicamente, de acordo com a ordem do
próprio Deus – “crescei e multiplicai-vos”
(Gn.1:22), e “deixará o homem pai e mãe, e se unirá
a sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Mt.19:5).
Da mesma forma, o fato de Jesus
ser o primogênito (e não “filho único”) não é um desprezo a ele; muito pelo
contrário, serve para reforçar ainda mais fortemente o fato de que ele quis
ficar em igualdade conosco “em todos os aspectos”
(Hb.2:17), tendo uma família com vários irmãos de sangue (Mc.6:3), além de sua
família espiritual, que é a reunião de todos os crentes em Cristo Jesus
(Mt.12:48-50).
Assim como Jesus foi o “primogênito entre muitos irmãos” (Rm.8:29) no
campo espiritual, ele também foi o primogênito de muitos irmãos no campo
natural (Mc.6:3). Desta forma, as alegações católicas contra a validade de
Mateus 1:25 carecem de fundamento, bem como as suas tentativas de defender um
dogma que não possui qualquer estrutura bíblica de respaldo.
Por: Lucas Banzoli (apologiacrista.com).
OS IRMÃOS DE JESUS
No
Novo Testamento mencionam-se em várias ocasiões os irmãos de Jesus:
Mateus 12:46-47;
Mateus 13: 55;
Marcos 3:31-32;
Marcos 6:3;
Lucas 8:19-20;
João 2:12;
João 7:3-10;
Actos 1:14;
1 Coríntios 9:5;
Gálatas 1:19;
Mateus 12:46-47;
Mateus 13: 55;
Marcos 3:31-32;
Marcos 6:3;
Lucas 8:19-20;
João 2:12;
João 7:3-10;
Actos 1:14;
1 Coríntios 9:5;
Gálatas 1:19;
Cabe perguntar quem eram eles, e qual era
a sua relação exacta com o Senhor Jesus. Antes de considerar diversas
explicações, recordemos que a palavra grega adelphos,
irmão, admite vários significados:
1. O significado primário é a relação de consanguinidade
de duas pessoas que são filhos dos mesmos pais, ou do mesmo pai ou mãe (o
significado normal de "irmão" em português). Podem achar-se muitos
casos deste uso; por exemplo:
Mateus 1:2 (Judá e seus irmãos, adelphoi)
Mateus 1:11 (Jeconias e seus irmãos)
Mateus 4:18 (dois irmãos, Simão, chamado
Pedro, e seu irmão André)
Mateus 4:21 (outros dois irmãos, Tiago o
filho de Zebedeu, e seu irmão João)
Lucas 3:1 (Herodes tetrarca da Galileia,
seu irmão Felipe tetrarca da Itureia)
João 1:40 (André, irmão de Simão Pedro)
2. Secundariamente pode aludir a parentes
próximos, segundo o uso hebreu de chamar "irmão" (hebreu 'ach) a parentes, como os casos de Ló,
sobrinho de Abrão e de Jacó, sobrinho de Labão:
Génesis 13:8 (Abrão disse a Ló: «... somos
irmãos»)
Génesis 29:15 (disse Labão a Jacó: «Por
seres meu irmão hás-de servir-me de graça?»)
Uma razão deste costume é que não existe
no hebreu bíblico uma palavra específica para "sobrinho" nem para
"primo"; contudo, há um termo para "tio" ou "tia"
(respectivamente dod,
Levítico 10:4; 20:20; doda,
Levítico 18:14), assim como para "descendente" ou
"posteridade" (néked,
Génesis 21:23; Jó 18:19; Isaías 14:22).
3. Já em sentido mais amplo, outro uso do
termo "irmão" tem que ver com relações raciais e nacionais:
Actos 2:29 («Irmãos, seja-me permitido
dizer-vos livremente...»)
Actos 2:37 (disseram a Pedro e aos outros
apóstolos: «Irmãos, que faremos?»)
4. Finalmente, a palavra também pode
usar-se para significar vínculos espirituais e religiosos:
Mateus 18:15 («Portanto, se teu irmão
pecar contra ti...»)
Mateus 18:21 («Senhor, quantas vezes
perdoarei a meu irmão...?»)
Actos 15:24 («Os apóstolos, os anciãos e
os irmãos, aos irmãos dentre os gentios...»)
Romanos 1:13 (Mas não quero, irmãos, que
ignoreis...)
1 Coríntios 1:10 (Rogo-vos, pois, irmãos,
...)
Ora bem, no tema que nos ocupa os dois
últimos usos ficam descartados em relação aos irmãos e irmãs de Jesus, o
terceiro por ser muito amplo para o contexto destes ditos, e o quarto –
vínculos espirituais ou religiosos - porque diversas passagens sublinham a
incredulidade dos irmãos de Jesus antes da ressurreição (por exemplo, João
7:5); voltaremos a este tema mais à frente.
Restaria então explorar as primeiras duas
possibilidades.
1.
SE TRATAVA DE "IRMÃOS" NO SENTIDO NORMAL DO TERMO
Dentro desta interpretação cabem duas
possibilidades:
a)
Eram filhos de José e Maria, nascidos depois de Jesus
Esta explicação é sugerida por Mateus
1:25, onde se diz que José não conheceu Maria (no sentido bíblico de ter
relações íntimas com ela) até que nasceu Jesus. No mesmo sentido aponta Lucas
2:23, onde Jesus é chamado o primogénito. Ora bem, estes textos não são
concludentes por si mesmos. Acerca do primeiro, pode arguir-se que Mateus se
limita a estabelecer o facto da concepção virginal, sem dizer explicitamente
nada do que ocorreu depois de
nascido Jesus. Em relação ao termo primogénito, é possível argumentar que este
é um termo técnico para referir o primeiro filho nascido, sem que isso implique
que tivesse que ter irmãos.
Se não soubéssemos mais nada, as objecções
mencionadas deixariam o assunto como um problema insolúvel. No entanto, os
quatro evangelistas canónicos mencionam como uma questão de facto a existência
dos irmãos de Jesus. Igualmente o apóstolo Paulo se refere a eles, nomeando
especificamente Tiago. Em nenhum destes textos se insinua que fossem outra
coisa que não irmãos consanguíneos, segundo o sentido normal do termo, e
portanto filhos de Maria.
Esta opinião é reforçada quando se examina
o modo em que são mencionados os irmãos e as irmãs de Jesus em Mateus 13:54-56,
E,
chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se
maravilhava e dizia: - Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes
milagrosos? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e
seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas
irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
Neste texto se alude ao suposto pai de Jesus, depois à sua mãe, aos seus irmãos e às suas irmãs. Com isto se descreve um grupo familiar
primário: pai, mãe, irmãos e irmãs.
A isto deve acrescentar-se que embora no
Novo Testamento não se use o termo anepsiôs
que significa «primo» ou «parente», aparece outro termo que significa
colectivamente "parentela" (sungeneia,
Lucas 1:61; Actos 7:3,14). Este vocábulo deriva de sungenês ou sungeneus,
que significam «parente», e usa-se reiteradamente no Novo Testamento: Marcos
6:4; Lucas 1:58; 2:44; 14:12; 21:16; João 18:26; Actos 10:24; Romanos 9:3; 16:
7, 11, 21. Segundo Lucas 1:36, o anjo Gabriel chama Isabel a «parenta» (sungenis) da Bem-aventurada Maria (Lucas 1:36),
não sua «irmã» (adelfê).
As objecções comuns contra esta
interpretação são:
a) Que Maria não pôde ter tido outros
filhos porquanto tinha feito um voto de virgindade. Esta ideia busca fundamento
na pergunta da Bem-aventurada Maria ao anjo Gabriel, depois de este lhe ter
anunciado que ia conceber: «Como
será isso, se eu não conheço homem». A interpretação desta simples
declaração - que poderia naturalmente tomar-se como uma reacção ingénua de
surpresa perante o anúncio do anjo - no sentido de um voto de perpétua
virgindade remonta a finais do século IV, quando foi proposta por Gregório de
Nissa (aprox. 330-395). No entanto, a evidência do próprio texto é extremamente
ténue para dizê-lo suavemente. E o mesmo pode dizer-se acerca da evidência
histórica de mulheres hebreias comprometidas em casamento que fizessem votos de
virgindade perpétua.
b) A segunda objecção é que os irmãos de
Jesus nunca são chamados "filhos de Maria". Isto é certo, mas pode
explicar-se facilmente pelo facto de que os evangelistas e Paulo aludem aos
familiares de Jesus desde o ponto de vista de seu
parentesco com ele, não com Maria. Do mesmo modo em que Maria é "a mãe
do Senhor", referem-se a Tiago e aos outros como "seus irmãos" e
"suas irmãs", isto é, do Senhor.
c) A terceira objecção é que se se tratava
de irmãos menores de Jesus, pela questão da autoridade reconhecida do
primogénito na cultura judia, eles não se teriam atrevido a questionar o
ministério do Senhor. A isto pode responder-se 1) que não pode esperar-se
demasiada consistência de quem, como eles, pretendia nada menos que impedir Jesus de prosseguir a sua obra;
2) que se pensavam seriamente que Jesus não estava simplesmente equivocado, mas
«fora de si»
as considerações acerca da primogenitura passariam a um segundo plano; e 3) que
não há razão para pensar que parentes mais afastados pudessem ter mais
ascendente sobre Jesus que seus irmãos menores.
d) A quarta objecção é que a ter sido
filhos de José e Maria, seria difícil explicar como um destes irmãos tinha o
nome de seu pai. No entanto, a objecção carece de força porque se bem que isto
era inusitado em tempos do Antigo Testamento, não ocorria a mesma coisa no
século I da nossa era.
"Em períodos posteriores a patronímia
(nomear um menino varão como o seu pai: cf. Lucas 1:59-61) e a paponímia
(nomear um menino varão como o seu avô) não eram pouco comuns. A prática pôs-se
de moda durante o período persa, e pode explicar a identificação popular de
Dario com Ciro (se é esta a intenção) em Daniel 6:28 (texto massorético 29) ...
Onde um ofício era herdado, como no caso
da realeza e do sacerdócio, havia uma tendência a reutilizar os nomes pessoais
frequentemente em gerações sucessivas. Além disso, depois do tempo do exílio da
Judeia, os nomes muitas vezes não se baseavam em acontecimentos relacionados
com o nascimento, a julgar especialmente pela relativa popularidade da
patronímia e da paponímia..."
Names, proper, em International Standard Bible Encyclopedia. Grand Rapids: William B.
Eerdmans, 1986, 3:486, 487-488.
Um caso no Novo Testamento onde este
costume aparece é a propósito de João o Baptista, a quem os que vieram
circuncidar o menino queriam chamá-lo como o seu pai, Zacarias. Foi Isabel, por
indicação do próprio Zacarias, que impediu tal imposição e indicou por escrito
que se chamaria João; isso estranha os presentes, pois não havia ninguém na
família que tivesse tal nome (Lucas 1:57-64). A propósito deste texto, escreve
o dominicano Manuel de Tuya:
"Embora primitivamente não se faça
assim, na época neo-testamentária punha-se o nome no dia da circuncisão.
Costumava-se pôr o nome do avô, e embora fosse raro pôr-lhes o nome dos seus
pais, havia casos em que se fazia assim no judaísmo tardio. Por isso, dada a
avançada idade de Zacarias, queriam chamar-lhe com o seu nome."
Evangelio
de San Lucas, em Profesores
de Salamanca: Biblia Comentada, 3ª Ed. Madrid: BAC, 1977, Vb: 35.
Além deste exemplo do Novo Testamento, o
autor mencionado cita o exemplo do pai e do avô de Herodes o grande, os quais
se chamavam ambos Antipas (Flávio Josefo, Antiguidades
dos judeus XIV, 1:3) e o de Anã filho de Anã, que sob
o procurador Albino foi sumo sacerdote no ano 62 da nossa era (ibid., XX, 9:1). De modo que não é
particularmente estranho que um filho de José e Maria tivesse o nome de seu
pai.
e) A quinta objecção é que, se os irmãos
de Jesus eram seus consanguíneos, é incompreensível que o Senhor desde a cruz
tenha encomendado a sua mãe Maria ao cuidado do seu discípulo amado em vez de
encomendá-la aos seus próprios irmãos. A resposta mais simples a esta objecção
é que os seus irmãos, que não criam nele e que tinham tentado afastá-lo do seu
ministério, não estavam presentes junto à cruz, como o
estavam, em contrapartida, a Bem-aventurada Maria e o discípulo amado.
Durante o seu ministério terrenal, o Senhor anunciou que as famílias se
dividiriam por causa d`Ele (Lucas 12:49-53), e insistiu na prioridade absoluta
do parentesco espiritual sobre o carnal (Mateus 10:37; 12:46-50 e paralelos;
Marcos 10:29). Assim como os seus irmãos não creram n`Ele, é provável que não
compreendessem a Bem-aventurada Maria. Em contrapartida, o discípulo amado, tão
próximo do Senhor, era perfeitamente idóneo para tomar a seu cargo a idosa e
fiel Maria.
Quando Mateus 1:25 e Lucas 2:23 se lêem no
contexto dos dez textos que se referem aos irmãos do Senhor, se faz óbvia a
força acumulativa do argumento que toda esta evidência suporta. Em outras
palavras, esta hipótese é a que requer menos conjecturas e está baseada na mais
firme evidência escritural.
Assim o entendeu, entre os Padres,
Tertuliano em princípios do século III:
"«Quem é minha mãe e meus irmãos? ...
Ele estava justamente indignado de que pessoas tão próximas d`Ele
«permanecessem fora», enquanto uns estranhos estivessem dentro aferrando-se às Suas palavras. Isto é
particularmente assim dado que sua mãe e seus irmãos desejavam apartá-lo da
obra solene que tinha entre mãos. Mais que negá-los, Ele os desautorizou.
Portanto, à pergunta prévia, «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?»
acrescentou a resposta: «Ninguém senão os que ouvem as minhas palavras e as
praticam». Deste modo transferiu os nomes das relações consanguíneas a outros
que considerava mais estreitamente relacionados com Ele por causa da fé
deles... Não é surpreendente que preferisse gente de fé aos seus próprios
parentes, que não possuíam tal fé."
(Contra
Marcião IV, 19; igualmente Sobre
a carne de Cristo, 7).
Também foi defendida no século IV por
Helvídio. Contudo, devido a alguns lhes parecer impossível, se não intolerável,
a ideia de que a Bem-aventurada Maria tenha sido a feliz mãe de outros muitos
filhos além de Jesus, formularam outras hipóteses com o intento de sustentar a
noção de que Maria jamais deu à luz outro filho que não o seu primogénito. A
seguir examinaremos duas de tais hipóteses.
b)
Eram filhos de José de um matrimónio anterior
Segundo esta hipótese, José se teria
casado com Maria em segundas núpcias, e os irmãos e irmãs de Jesus não teriam
sido consanguíneos seus, mas parentes por ter o mesmo pai de criação e legal.
A fonte desta interpretação acha-se nos
evangelhos apócrifos, em particular o Proto-evangelho
de Tiago. Nesta obra que provavelmente deve datar-se na
segunda metade do século II, narra-se que Maria foi criada no templo, mas
quando cumpriu doze anos os sacerdotes decidiram procurar para ela um esposo
para tirá-la dali e evitar que o contaminasse. Zacarias consultou o Senhor e um
anjo lhe ordenou convocar todos os viúvos para eleger-lhe um marido; o Senhor
daria um sinal para que soubessem quem era o eleito. Entre eles estava José,
sobre o qual desceu uma pomba.
"E o sacerdote disse a José, «Coube a
ti a sorte de receber em custódia a virgem do Senhor». Mas José lhe respondeu,
«Tenho filhos e sou velho; enquanto ela é uma menina. Oponho-me pois, do
contrário serei objecto de riso dos filhos de Israel». E o sacerdote disse a
José, «Teme ao Senhor teu Deus ...». E José teve medo e a recebeu em
custódia." (9:1-2).
Basicamente a mesma história é repetida
por obras apócrifas posteriores, como a História
de José o carpinteiro dos séculos IV ou V, e o Evangelho do Pseudo-Mateus,
escrito em latim provavelmente no século VIII ou IX. Na História... o nome dos filhos de José dá-se como
"Judas, Justo, Tiago e Simeão" e acrescenta-se o das filhas, Lísia e
Lídia.
Entre os Padres, o primeiro em insinuar a
noção de que os irmãos de Jesus eram na realidade filhos de José foi Clemente
de Alexandria em finais do século II:
"Judas, aquele que escreveu a
epístola católica, era o irmão dos filhos de José. E era muito religioso.
Embora experimentando a relação próxima do Senhor, ainda assim não diz que ele
mesmo era seu irmão. Mas que diz? «Judas, servo de Jesus Cristo» d`Ele como
Senhor; mas «o irmão de Tiago». Pois isto era verdade. Judas era seu irmão,
através de José."
Comentário
sobre a Epístola de Judas, nos Fragmentos de Casiodoro.
No século III Orígenes, que considerava
Clemente seu mestre, toma nota desta tradição:
"Alguns dizem, baseando-o numa
tradição do Evangelho segundo Pedro
(como se titula) ou no Livro
de Tiago [o espúrio Proto-evangelho
de Tiago], que os irmãos de Jesus eram filhos de José de uma
esposa anterior, que ele desposou antes de Maria."
(Comentário
sobre Mateus, 17).
O principal defensor desta explicação, que
é até hoje a posição oficial das Igrejas ortodoxas orientais, foi Epifánio no
século IV. A hipótese reconhece algumas variantes. Segundo uma delas, sugerida
por Teofilacto, os irmãos de Jesus seriam filhos de José pela lei de levirato,
segundo a qual este teria gerado filhos com a esposa de Cléofas, seu defunto
irmão. Segundo outra, eram verdadeiros filhos de Cléofas e portanto sobrinhos
de José que ele teria adoptado como filhos.
Eusébio de Cesareia conserva uma tradição
neste sentido em relação a outro dos irmãos do Senhor, Simão:
"Depois do martírio de Tiago e da
tomada de Jerusalém, que se seguiu imediatamente, é tradição que os apóstolos e
discípulos do Senhor que ainda viviam reuniram-se de todas partes num mesmo
lugar, junto com os que eram da família do Senhor segundo a carne (pois muitos
deles ainda viviam), e todos celebraram um conselho sobre quem devia ser
julgado digno de suceder a Tiago, e todos, por unanimidade, decidiram que
Simeão, o filho de Clopas [Sumeôna
ton tou Klôpa) – mencionado também pelo texto do
Evangelho - era digno do trono daquela igreja, por ser primo (anepsion) do Salvador, pelo menos segundo se diz,
pois Hegésipo refere que Clopas era irmão de José."
História
Eclesiástica III, 11:1
Hegésipo baralhou aqui os nomes, pois os
nomes tanto dos Apóstolos chamados «Simão», ou seja, Pedro e o Zelote, como do
irmão de Jesus que se nomeia em Mateus 13:55 e Marcos 6:3 se escrevem Simôn. O único personagem com o nome Sumeôn que se menciona no marco temporal do Novo
Testamento é o ancião que profetizou no templo (Lucas 2:25-34).
Retornando à hipótese principal desta
parte, ou seja, que os irmãos de Jesus eram filhos de um matrimónio anterior de
José, há que sublinhar que não
existe a menor evidência bíblica para sustentar esta hipótese,
cuja origem tardia e espúria a faz de per si extremamente duvidosa. Os supostos
filhos de José não aparecem em lado nenhum nos relatos da natividade de Jesus,
nem nas escassas alusões à sua infância; adicionalmente, ele é chamado o
primogénito (Lucas 2:23), ou seja, o primeiro filho.
Uma objecção comum a ambas as hipóteses
apresentadas até aqui – ou seja, que os irmãos fossem filhos de José ou filhos
de José e Maria - é que os irmãos não são mencionados no episódio do menino
Jesus no templo, narrado em Lucas 2:41-52. É certo que não são mencionados
explicitamente, mas há que ter em conta que o texto em questão também não diz
que somente José, Maria e Jesus subiram a Jerusalém. Fala-se de uma caravana ou
companhia, na qual havia muitas pessoas, incluindo familiares. O propósito do
relato não exige de modo algum a menção explícita dos irmãos de Jesus.
2.
ERAM PARENTES PRÓXIMOS DE JESUS, POSSIVELMENTE PRIMOS
Esta explicação foi proposta inicialmente
por Jerónimo, e depois aceite por Agostinho de Hipona e outros mestres. É a
posição da Igreja de Roma. Entre os reformadores, Lutero a aceitou, ainda que
não dogmaticamente; e mais tarde Chemnitz, Bengel e outros.
Em essência, segundo este ponto de vista
os irmãos de Jesus eram seus primos por parte de sua linha materna, e portanto
consanguíneos. Teriam sido os filhos de Alfeu, que seria a mesma pessoa que
Cléofas, e da irmã de Maria, que tinha o mesmo nome que ela. Esta Maria, tia de
Jesus, é a descrita como a «mãe
de Tiago e José» (Mateus 27:56) e como «a mãe de Tiago o menor e de José»
(Marcos 15:40).
Ainda segundo esta opinião, dado que três
dos nomes dos irmãos de Jesus aparecem nas listas de apóstolos (Tiago, Judas e
Simão), e que Tiago é chamado filho de Alfeu, seria uma coincidência muito
notável que além dos seus primos Jesus tivesse irmãos com exactamente os mesmos
nomes. O facto de que a um dos Tiagos se lhe chame "o menor"
indicaria que havia apenas dois Tiagos no círculo de próximos do Senhor, a
saber, Tiago filho de Zebedeu, o irmão de João, e Tiago filho de Alfeu, que era
primo de Jesus.
Alguns dizem que provavelmente Maria foi
viver com a sua irmã depois da morte de seu esposo José, o que explicaria que
afluísse com os seus sobrinhos quando foram ver Jesus. Outros, pelo contrário,
vêem no facto de Jesus ter encomendado o cuidado de sua mãe ao seu discípulo
amado (João 19:25-27) a indicação de que a relação dela com os seus sobrinhos
não era muito estreita.
Para analisar a plausibilidade desta
hipótese, é preciso revisar cuidadosamente várias passagens. Quatro dos irmãos
de Jesus são nomeados num texto paralelo de Mateus e Marcos:
Mateus
13:54-56
E,
chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se
maravilhava e dizia: - Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes
milagrosos? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e
seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas
irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
Marcos
6: 1-3
Saiu
Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam. Ora,
chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouvi-lo, se
maravilhavam, e perguntavam: - Donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é
esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos? Não é este o
carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E
não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
Estes dois textos dão uma lista dos irmãos
do Senhor por nome. Ambas as listas são iguais, com os mesmos quatro nomes:
Tiago, José, Judas e Simão.
O nome Iakôbos
pode traduzir-se por Jacó, Tiago e em alguns casos Jaime. No que segue se usou
consistentemente a forma "Tiago". Há um Tiago que é chamado
explicitamente «o irmão do Senhor» em Gálatas 1:19. Fora do Novo Testamento, o
historiador judeu Flávio Josefo se refere a ele como se segue, a respeito da
morte do procurador Festo na Judeia e a sua substituição por Albino no ano 62:
"Sendo Anã [o sumo sacerdote] deste
carácter, aproveitando-se da oportunidade, pois Festo havia falecido e Albino
ainda estava em viagem, reuniu o sinédrio. Chamou a juízo o irmão de Jesus que
se chamou Cristo; seu nome era Tiago, e com ele fez comparecer a vários outros.
Os acusou de ser infractores da lei e os condenou a ser apedrejados."
(Flávio Josefo, Antiguidades dos judeus,
XX, 9: 1)
Provavelmente se trata do mesmo Tiago que
veio a ser uma "coluna" da Igreja de Jerusalém, junto com Cefas
(Pedro) e João (Gálatas 2:9). É possível que todos os seguintes textos se
refiram ao mesmo Tiago, irmão do Senhor: Actos 12:17, 15:13, 21:18, 1 Coríntios
15:7, Gálatas 2:12. Aceita-se tradicionalmente que foi este Tiago, «irmão do Senhor» quem escreveu a carta
que leva o seu nome; já assim Clemente de Alexandria e Orígenes. A relação de
Eusébio de Cesareia é pertinente:
"Ao apelar Paulo ao César e ser
enviado por Festo à cidade de Roma, os judeus, frustrada a esperança que os
induziu a conspirar contra ele, voltaram-se contra Tiago, o irmão do Senhor, a
quem os apóstolos tinham confiado o trono episcopal de Jerusalém ...
O modo como ocorreu a morte de Tiago já
foi esclarecido pelas palavras citadas de Clemente ... Mas quem narra com maior
exactidão tudo o que a ele se refere é Hegésipo, que pertence à primeira
geração sucessora dos apóstolos e que, no livro V de suas Memórias, diz assim:
«Sucessor na direcção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de 'Justo', desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Tiago...»."
«Sucessor na direcção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de 'Justo', desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Tiago...»."
Historia Eclesiástica
II, 23: 1,3-4; a narração ocupa todo o resto do capítulo.
Diga-se de passagem, Eusébio também obteve de Hegésipo
a seguinte referência aos descendentes de Judas, o meio-irmão de Jesus:
"O próprio Domiciano deu ordem de executar os
membros da família de David, e uma antiga tradição diz que alguns hereges
acusaram os descendentes de Judas –que era irmão do Salvador segundo a carne (adelfon kata sarka tou sôtêros) -
, com o pretexto de que eram da família de David e parentes (sungeneian) do próprio Cristo. Isto é o que declara
Hegésipo quando diz textualmente:
«Da família do Senhor viviam ainda os netos de Judas,
chamado seu irmão segundo a carne, aos quais delataram por serem da família de
David... O evocatus conduziu-os à presença
do césar Domiciano, porque este, assim como Herodes, temia a vinda de Cristo. E
perguntou-lhes se descendiam de David; eles o admitiram...»."
Ibid, III, 19-20
AS MULHERES JUNTO À CRUZ E NA RESSURREIÇÃO
Voltando à hipótese que estamos a examinar, supõe-se
que este Tiago é chamado também Tiago (filho) de Alfeu e Tiago o menor, para
distingui-lo do homónimo filho de Zebedeu. Tal identificação se baseia
principalmente nas listas de mulheres que presenciaram a crucificação e as que
compraram ou prepararam aromas para ungir o corpo do Senhor. Os textos
pertinentes são:
Mateus 27:55-56
Estavam ali, olhando de longe, muitas
mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, servindo-o. Entre as quais
estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de
Zebedeu.
Marcos 15:40-41
Também havia algumas mulheres olhando de
longe, entre as quais estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago o menor e de
José, e Salomé; as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galileia; e
muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
Lucas 23:49
Mas todos os seus conhecidos, e as
mulheres que o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas
coisas.
João 19:25
Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe e a
irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas e Maria Madalena.
Mateus 28:1
Passado o sábado, ..., Maria Madalena e a
outra Maria foram ver o sepulcro.
Marcos
Quando passou o sábado, Maria Madalena,
Maria a de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
Lucas 23:55
As mulheres que o tinham seguido desde a
Galileia o seguiram e viram o sepulcro e como foi posto o seu corpo. Ao
regressar, prepararam aromas e unguentos; e
descansaram no sábado, conforme o mandamento.
Lucas 24:10
Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de
Tiago, e as outras com elas, as que disseram estas coisas aos apóstolos.
João 20:1
No primeiro dia da semana, Maria Madalena
foi de manhã, sendo ainda escuro, ao sepulcro, e viu removida a pedra do
sepulcro.
Todos os textos que mencionam nomes incluem Maria
Madalena. Outras mulheres que são explicitamente chamadas pelo seu nome são:
a) Maria a mãe de Tiago e de José (Mateus) que é com
toda a probabilidade Maria a mãe de Tiago o menor e de José, e «Maria a de Tiago» (Marcos) e talvez a
mãe de Tiago que menciona Lucas.
b) Maria a de Cléofas. O texto grego não diz que era esposa de Cléofas; poderia igualmente tratar-se
de sua filha.
c) "A outra Maria" (Mateus 28:1),
possivelmente a mesma que em (a)
d) Salomé
e) Joana
Algumas mulheres são mencionadas indicando os seus
parentescos:
a) A mãe dos filhos de Zebedeu (Salomé? cf. Mateus
27:56 com Marcos 15:40)
b) A irmã da mãe de Jesus
Uma complicação adicional surge de que não está claro
se João 19:25 se refere a três
mulheres ou a quatro.
Em concreto, é a irmã da mãe do Senhor a mesma mulher que é chamada Maria de
Cléofas?
Apesar de o grego não ser concludente e admitir ambas
as leituras, outras considerações levam a pensar que João se refere a quatro mulheres e não a três. Em primeiro lugar,
se a irmã da mãe de Jesus é Maria de Cléofas, isso significaria que ambas as irmãs tinham o mesmo nome,
um facto extremamente curioso.
Num manuscrito (B de Tischendorf) do Evangelho do Pseudo-Mateus
explica-se que esta Maria era filha de Ana, mãe da Bem-aventurada Maria], e que
tinha nascido da união de Ana em segundas núpcias com Cléofas. Em tal caso,
Maria de Cléofas deveria ler-se "Maria, (filha) de Cléofas". A razão
de ambas as irmãs se chamarem da mesma maneira, segundo o apócrifo, é que ela
foi dada a Ana como compensação por ter consagrado a Deus a Bem-aventurada
Maria. Segundo a mesma história, esta segunda Maria, filha de Cléofas, se casou
com Alfeu e foi mãe de "Tiago o filho de Alfeu e de Felipe seu irmão
[sic]. E tendo morrido seu segundo esposo, Ana foi casada com um terceiro
esposo chamado Salomé [sic], de quem teve uma terceira filha. Ela a chamou
igualmente Maria, e a deu a Zebedeu como esposa; e dela nasceram Tiago o filho
de Zebedeu e João o Evangelista."
Esta fantástica história é obviamente uma tentativa
bastante rebuscada de justificar a existência de três Marias que teriam sido irmãs por parte de mãe, e de fazer aparecer como
primos de Jesus os apóstolos Tiago e João, filhos de Zebedeu, e Tiago filho de
Alfeu e Felipe. Desde logo, não há a menor evidência que justifique estes
parentescos tal como os apresenta o Pseudo-Mateus.
O argumento baseado na lista de mulheres junto à cruz
e nas que foram ungir o corpo de Jesus no dia da ressurreição toma actualmente
uma forma mais subtil. Para compreendê-la, é necessário revisar primeiro as
listas dos Apóstolos, dado que se tenta demonstrar que um ou mais dos irmãos de
Jesus eram filhos de outra mãe que se contavam entre os seus discípulos.
LISTAS DE APÓSTOLOS
Os Doze são listados em quatro ocasiões, como se
segue:
Mateus 10: 2-4
Simão Pedro
seu irmão André
Tiago de Zebedeu
João seu irmão
Felipe
Bartolomeu
Tomé
Mateus o publicano
Tiago de Alfeu
Tadeu
Simão Zelote
Judas Iscariotes
Marcos 3: 16-19
Simão Pedro
Tiago
João irmão de Tiago
André
Felipe
Bartolomeu
Mateus
Tomé
Bartolomeu
Mateus
Tomé
Tiago de Alfeu
Tadeu
Simão Cananeu
Judas Iscariotes
Lucas 6:14-16
Simão Pedro
André seu irmão
Tiago
João
Felipe
Bartolomeu
Mateus
Tomé
Tiago de Alfeu
Felipe
Bartolomeu
Mateus
Tomé
Tiago de Alfeu
Simão Zelote
Judas de Tiago
Judas Iscariotes
Actos 1:13
Pedro
Tiago
João
André
Felipe
Tomé
Bartolomeu
Mateus
Tiago
João
André
Felipe
Tomé
Bartolomeu
Mateus
Tiago de Alfeu
Simão Zelote
Judas de Tiago
---vacante----
Destas listas cabe destacar o seguinte:
1. As quatro são encabeçadas por Simão Pedro.
2. Nas três prévias ao suicídio de Judas Iscariotes, o
seu nome aparece no fim; na de Actos é omitido.
3. As quatro listas podem dividir-se em três grupos
com quatro nomes cada uma, que são sempre encabeçados por Pedro, Felipe e Tiago
de Alfeu.
4. As demais posições mostram variantes.
a) No primeiro grupo, André, irmão de Pedro, figura em
segundo nas listas de Mateus e Lucas, mas atrás de Tiago de Zebedeu e seu irmão
João nas de Marcos e Actos. Esta variante explica-se pela proeminência de
Pedro, Tiago e João em relação ao resto dos Doze.
b) No segundo grupo, Bartolomeu aparece a seguir a
Felipe nos três Evangelhos, mas depois de Tomé em Actos. Mateus aparece como
último do grupo em Mateus e Actos, lugar que é ocupado por Tomé em Marcos e
Lucas.
c) No terceiro grupo, Simão o Zelote aparece em
segundo (a seguir a Tiago de Alfeu) em Lucas e Actos, mas em terceiro lugar,
depois de Tadeu, em Mateus e Marcos.
5. Tadeu, que figura em segundo no terceiro grupo em
Mateus e Marcos, corresponde a Judas de Tiago em Lucas e Actos.
6. Mencionam-se explicitamente
duas parelhas de irmãos:
a) Pedro e André nos Evangelhos de Mateus e Lucas
b) Tiago de Zebedeu e João em Mateus e Marcos.
7. Nos casos do primeiro Tiago em Mateus, e do segundo
Tiago nas quatro listas, se acrescenta um genitivo: respectivamente Tiago (o)
de Zebedeu e Tiago (o) de Alfeu. A maioria das versões traduzem tal genitivo
como um patronímico: Tiago filho de Zebedeu e Tiago filho de Alfeu.
8. As listas de Mateus e Marcos mencionam Tadeu, que
provavelmente representa um sobrenome, forma grega do hebreu taday = peito. Isto é sugerido, além disso,
pela variante Lebeu (do hebreu leb =
coração) presente em alguns manuscritos, assim como a conflação "Lebeu,
também chamado Tadeu" em alguns manuscritos do Evangelho de Mateus. Ambos
os sobrenomes podem indicar as mesmas qualidades: ternura, integridade ou
valor. Este Apóstolo é nomeado por Lucas (no Evangelho e em Actos) como "Judas
de Tiago". Embora diversas versões traduzam "Judas irmão de
Tiago", o texto grego não menciona a palavra "irmão" (adelphos), como o faz com Pedro em relação a André
e com João em relação a Tiago de Zebedeu. Outras versões, em contrapartida,
traduzem "Judas filho de Tiago" ainda que novamente a palavra grega
correspondente (hyios)
não figure no texto. De qualquer forma, o considerar Judas "filho de
Tiago" é o modo mais natural de entender a expressão, ou seja, como um
genitivo de filiação, estrutura que se usa exactamente do mesmo modo para Tiago
de Zebedeu e Tiago de Alfeu.
A propósito da identidade do Judas autor da carta
homónima, que é identificado explicitamente como "irmão de Tiago",
diz um comentarista católico:
"No Novo Testamento, quando se trata de parentesco
expresso por um genitivo depois de um nome, se quer designar uma relação não de
fraternidade, mas de paternidade.
Judas no Evangelho, é filho de Tiago; portanto, um indivíduo distinto do nosso Judas, irmão de Tiago. Por conseguinte, Judas autor da
nossa epístola e irmão de Tiago é provável que não seja apóstolo, como o próprio
Tiago".
José Salguero, O.P., Epístola
de San Judas, em Profesores
de Salamanca: Biblia Comentada. Madrid: BAC, 1965, 7:277; negrito
acrescentado.
Dado este uso normal e o facto de, à diferença das
parelhas Pedro-André e Tiago-João que são explicitamente identificados como
irmãos, não ocorrer a mesma coisa no caso de Tiago de Alfeu e Judas de Tiago, é
muito provável que não se trate de outra
parelha de irmãos, mas de filhos de diferentes pais.
NOMEIAM OS EVANGELISTAS A MÃE DE TIAGO DE
ALFEU?
O argumento a que aludimos antes de proporcionar e
discutir as listas de apóstolos se baseia no seguinte:
1. Além de Maria Madalena, os Evangelhos sinópticos mencionam
explicitamente «outra Maria»:
«a mãe de Tiago e de José»
(Mateus); "«a mãe de Tiago o menor e
de José» (Marcos), «Maria
a mãe de Tiago» (Marcos e Lucas).
2. O Evangelho de João menciona a mãe do Senhor e a
irmã de sua mãe, «Maria de Cléofas»
mas não faz menção de seus filhos.
3. Dado que, tirando Maria Madalena, é a única Maria
que é mencionada pelo nome, a Maria mãe de Tiago o menor e de José deve ser a
Maria de Cléofas.
4. Tiago o menor pode ter-se chamado assim em
contraposição a Tiago filho de Zebedeu, e se está presente na lista de
discípulos deve ser o outro Tiago, chamado de Alfeu.
5. Ora bem, os nomes Alfeu e Cléofas podem ser
diferentes formas gregas do mesmo nome arameu (Halfai).
6. Portanto, Tiago o menor seria Tiago filho de Alfeu/Cléofas
e de Maria, a irmã da Bem-aventurada Maria; portanto um primo-irmão de Jesus.
Quem tenha seguido atentamente o texto poderá dar-se
conta do número de suposições
que entranha este argumento. No entanto, em benefício da clareza as
enumeraremos:
a) A expressão «Tiago
o menor» não implica que houvesse só dois Tiagos. No grego
não há comparativos. A expressão «o
menor» significa na realidade «o pequeno», «o jovem» ou «o
baixinho» e provavelmente alude à sua juventude ou a uma altura invulgarmente baixa.
É a uma característica do Tiago a que aqui
se alude, não uma comparação com outro Tiago. Por isso, não exclui a
existência de outros homens chamados Tiago além de Tiago de Zebedeu e Tiago de
Alfeu.
b) Os três Evangelhos sinópticos deixam claro que havia
todo um grupo de mulheres, das quais
nomeiam apenas umas poucas. Quando Mateus se refere a «a outra Maria» além da Madalena, se refere com toda a
probabilidade à outra Maria que ele próprio já mencionou, ou seja, a mãe de
Tiago e de José. No entanto, não
está claro que fosse a única outra Maria do grupo, e que deva portanto
identificar-se com Maria de Cléofas. De facto, João, que nomeia esta última,
menciona a mãe de Jesus além de Maria de Cléofas e Maria Madalena; de modo que
sabemos com certeza que no grupo de mulheres galileias havia não menos de três Marias e
talvez mais.
c) Como nenhum dos Evangelistas diz explicitamente que
Maria a mãe de Tiago o menor seja Maria de Cléofas, não é possível identificá-las sem lugar a dúvidas.
d) Adicionalmente, a identificação de Cléofas com
Alfeu pai de Tiago o apóstolo se baseia numa conjectura linguística.
A isto deve acrescentar-se a estranha anomalia de que
precisamente os mesmos evangelistas - Mateus e Marcos - que mencionam pelo nome
quatro irmãos de Jesus, ao
referir-se à mulher em questão somente nomeiam Tiago e José, sem aludir a Simão
e Judas. Dado que nada mais sabemos deste José, é possível
que se trate de outra pessoa diferente do irmão de Jesus, o mesmo para o seu
irmão Tiago o menor.
Em resumo, não há forma de identificar
positivamente Tiago o menor, irmão de José, com Tiago (filho) de Alfeu.
No entanto, existe evidência adicional que demonstra
tão concludentemente como possa sê-lo um argumento baseado em evidência
histórica, que os irmãos do Senhor não
pertenciam ao grupo dos discípulos, a saber, que no Novo Testamento os
irmãos do Senhor são mencionados como um grupo diferente dos Doze.
TEXTOS QUE MENCIONAM OS IRMÃOS DO SENHOR E
OS DOZE APÓSTOLOS COMO GRUPOS DIFERENTES
João 2:12
Depois disso desceram a Cafarnaum ele
[Jesus], sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
Actos 1:13-14
Quando chegaram, subiram ao cenáculo, onde
se alojavam Pedro e Tiago, João, André, Felipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago
de Alfeu, Simão o Zelote e Judas de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em
oração e súplicas, com as mulheres, e com Maria a mãe de Jesus, e com os irmãos
dele.
1 Coríntios 9:5
Não temos nós direito de levar connosco
uma esposa crente, como fazem também os outros apóstolos, os irmãos do Senhor,
e Cefas?
ANTES DA RESSURREIÇÃO DE JESUS, OS SEUS
IRMÃOS NÃO CRIAM NELE
Mateus 12:46-50
Enquanto ele ainda falava à multidão, estavam
do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe
alguém: - Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar
contigo. Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: - Quem é minha mãe? E quem
são meus irmãos? E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: -
Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai
que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Marcos 3: 14-21, 31-35
Então designou doze para que estivessem
com ele, e os mandasse a pregar; e para que tivessem autoridade de curar
enfermidades e expulsar os demónios. Designou, pois, os doze, a saber: Simão,
..., Tiago de Zebedeu, e João, irmão de Tiago,...; André, Felipe, Bartolomeu,
Mateus, Tomé, Tiago de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, e Judas Iscariotes, o que
o entregou. Voltaram para casa, e se juntou de novo tanta gente que nem
sequer podiam comer pão. Quando os seus ouviram isso, vieram para o prender,
porque diziam: «Está fora de si».
(segue uma discussão com os escribas, vv. 22-30)
Entretanto, chegaram seus irmãos e sua mãe
e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Então a gente que estava
sentada à volta dele disse-lhe: - Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e
te procuram. Ele lhes respondeu dizendo: - Quem são minha mãe e meus irmãos? E
olhando para os que estavam sentados à volta dele, disse: - Eis aqui
minha mãe e meus irmãos, porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é
meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Lucas 8:1-2, 4, 19-21
Aconteceu depois que Jesus ia por todas as
cidades e aldeias, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus. Acompanhavam-no
os doze e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e
de enfermidades... Juntando-se uma grande multidão e os que de cada cidade
vinham ter com ele, disse-lhes por parábola....
Então sua mãe e seus irmãos vieram ter com
ele; mas não podiam aproximar-se dele por causa da multidão. E o
avisaram, dizendo: - Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. Ele
então respondendo, lhes disse: - Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a
palavra de Deus e a observam.
Embora difiram em diversos detalhes, as três narrações
dos sinópticos coincidem, como o demonstram as expressões marcadas com negrito,
em que os discípulos estavam junto do Senhor
enquanto que os irmãos de Jesus, e sua mãe, estavam fora e afastados;
portanto é inevitável a conclusão de que se trata de dois grupos diferentes.
Marcos explica, além disso, a razão da visita, e é que vinham para levá-lo pela força porque pensavam que
estava fora de si.
João 6: 66-68; 7:1-5
Desde então muitos dos seus discípulos
voltaram atrás e já não andavam com ele. Disse então Jesus aos doze: - Quereis
vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: - Senhor, a quem iremos nós?
Tu tens palavras de vida eterna. E nós cremos e conhecemos que tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivente. Depois disto andava Jesus pela Galileia, pois
não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava
próxima a festa dos judeus, a dos Tabernáculos, e lhe disseram os seus irmãos:
- Sai daqui, e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as
obras que fazes, porque ninguém que procura dar-se a conhecer faz algo em
segredo. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo os
seus irmãos criam nele.
Aqui os próprios irmãos de Jesus se distinguem a si
mesmo dos discípulos. Além disso, os doze, representados por Pedro, acabavam de
confessar que criam n`Ele,
enquanto que segundo João os seus irmãos não
criam n`Ele. Portanto se trata, ainda mais claramente
do que em João 2:12, de dois grupos diferentes, crente um, incrédulo o outro.
CONCLUSÕES
1. O Novo Testamento (sem mencionar fontes históricas)
faz referência aos familiares de Jesus, em ocasiões no contexto de seu grupo
familiar primário, usando consistentemente a palavra grega para «irmãos» ou
«irmãs» sem nenhuma restrição ou aclaração.
2. Não existe evidência substancial de que estes
«irmãos» fossem outra coisa que não filhos de José e Maria.
3. Os irmãos de Jesus não podem ser identificados com
nenhum discípulo em particular.
4. Os irmãos de Jesus eram incrédulos antes da
ressurreição.
5. Os irmãos são claramente diferenciados dos
discípulos de Jesus.
6. Portanto, a interpretação que apresenta maior
evidência a favor e objecções menos importantes é que se tratava de meio-irmãos
de Jesus, ou seja, filhos de Maria e José.
• Jesus chamado de "primogênito" porque foi consagrado a Deus como "primogênito" e Maria adotou outros filhos, não necessariamente biológicos, por isso que Jesus não é chamado de "único filho".
ResponderExcluir• Mateus apenas mostra uma ação no passado, não uma continuação no futuro ("ATÉ QUE" não quer dizer uma continuação EXCLUSIVA de sentido oposto ao uma ação no passado, leia Salmos 112:8 Isaías 62:1, Mateus 28:20, 1 Coríntios 15:25).
• Na lei divina, o marido tinha o dever de respeitar o voto de sua esposa (Nm 30:3-7), ou seja, a sexualidade não era algo obrigatório na casamento no conexto judaico pois dependia da vontade do casal.
"E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?"
Lucas 1:30-34
Antes de Maria perguntar, o anjo disse nada de sua virgindade, por que Maria iria fazer essa pergunta sendo ela estava em comprometida em casamento com José ?
"Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele."
Marcos 6:3
Não faz sentido os nazarenos dizer que Jesus era filho apenas de Maria se Maria tivesse outros filhos BIOLÓGICOS.
"Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, E COM seus irmãos (não Maria, mãe de Jesus e dos Seus irmãos)."
Atos 1:14
Nem Lucas e nem qualquer evangelista diz que Maria era mãe dos irmãos de Jesus assim como Maria era mãe de Jesus dando destaque que Jesus era o único filho BIOLÓGICO de Maria, mas não ignorando os irmãos adotivos de Jesus.
(Não sou católico, acredito na virgindade perpétua e que os irmãos de Jesus eram Seus irmãos adotivos, não primos).