Maria e os Irmãos de Jesus

Está escrito nos Evangelhos: os "irmãos" de Jesus muitas vezes o encaravam com incredulidade ou chegavam mesmo a considerá-lo um louco. Mas Jesus tinha irmãos? Ele não foi o único - e bendito - filho de Maria? A versão oficial sustentada pela IGREJA ROMANA diz que o termo "irmãos" se refere, na verdade, aos primos de Jesus. Mas não é isso o que pensam alguns dos principais estudiosos modernos do Texto bíblico. A polêmica tem raízes no século IV, quando São Jerônimo fez a principal tradução da Bíblia de seus idiomas originais - hebraico, aramaico e grego - para o latim. Aramaico era a língua falada entre Jesus Cristo e seus apóstolos. Como nela não existia uma palavra para "primos" (fato comprovado), Jerônimo teria optado pelo termo "irmãos".

Acontece que os livros do Novo Testamento não são traduções. Eles foram escritos diretamente em grego, sem essa fase de tradução. No grego, ao contrário do aramaico, sempre existiu a palavra para se referir a "irmãos". E é ela que aparece nesses textos, no lugar do termo "primos". Estaria aí, segundo alguns pesquisadores, uma prova de que Maria teve outros filhos além de Jesus - São 4: Tiago, José, Judas e Simão.

Vamos aos estudos Bíblicos para ver se JESUS teve ou não outros irmãos e se Maria morreu imaculada como os católicos pregam em suas igrejas.

A Igreja Católica tradicionalmente ensina o dogma da virgindade perpétua de Maria, segundo o qual Jesus seria filho único e Maria jamais teve outros filhos além dele, e os irmãos de Jesus eram meramente primos.  
Como será demasiadamente extenso tratar de todos os pontos que envolvem este dogma e refutar uma por uma de cada uma das aberrações que são pregadas pela Igreja Romana, irei me reservar apenas a tratar de uma única passagem bíblica, que para mim já é suficiente para decidir o assunto. Vamos, portanto, ao que Mateus nos diz a respeito:
“E despertando José do sonho, fez como o anjo do Senhor tinha lhe mandado, e recebeu a sua mulher. E ele não a conheceu [corporalmente], até que ela fez nascer ao filho dela, o primogênito, e lhe pôs por nome Jesus” (Mateus 1:24,25)
O termo “a recebeu como sua mulher” (v.24), tendo em vista a sua utilização entre os hebreus, poderia dar a entender que José teve relações com Maria. Por isso, no versículo seguinte Mateus faz questão de ressaltar que ele “não a conheceu” (corporalmente) até quando nascesse Jesus. O termo “conhecer” era frequentemente utilizado pelos hebreus no sentido de relações sexuais normais entre marido e mulher, como Adão que conheceu Eva, sua mulher; ela concebeu e deu à luz Caim” (Gn.4:1).
Várias das mais recentes versões já traduzem da mesma forma, tal como é o caso da NVI, que verte por: “não teve relações com ela enquanto não deu à luz a um filho...”. Se Mateus quisesse dar a entender que José não “conheceu” Maria nunca, teria simplesmente escrito que “ele nunca a conheceu”, e não que ele somente não a conheceu “até” quando Jesus nascesse.
Ele teria essa opção pronta, a mão, que poderia ser perfeitamente utilizada caso ele quisesse defender o dogma da “virgindade perpétua de Maria”, e acabaria com essa questão de uma vez por todas. Mas, ao contrário, ele faz questão de ressaltar que o tempo em que eles se reservaram foi o determinado até o nascimento de Jesus, pois este teria que nascer de uma virgem, para cumprir as Escrituras proféticas (Mt.1:23; Is.7:14).
Ele também poderia ter escrito o mesmo que foi dito com relação à Mical, que “não teve filhos até o dia da sua morte” (2Sm.6:23). Com isso, ele estaria deixando claro que ela não havia gerado filhos durante todo o seu período existencial (“até a sua morte”).
Contudo, no caso de Maria é diferente: ao invés de Mateus relatar que “não teve mais filhos até a sua morte, afirma que José não a conheceu corporalmente “até que ela fez nascer ao filho dela. Ou seja, essa restrição do relacionamento corporal não estava relacionada a todo o seu período existencial, mas somente até o momento que Jesus nascesse (“até que lhe nascesse o primogênito”).
Que o “até que” é uma prova conclusiva de que Maria teve outros filhos além de Jesus, além do fato de que o evangelista Mateus poderia perfeitamente ter escrito de forma diferente que visasse defender o dogma e não colocá-lo em dúvida, vem do fato de que em diversas outras ocasiões este mesmo termo aparece no Novo Testamento não deixando dúvidas quanto ao fato de que o “até que” marca o fim de um acontecimento para dar lugar a outro.
Por exemplo, em Apocalipse lemos Deus dizendo: “Mas o que tendes, retende-o até que eu venha” (Ap.2:25). É óbvio que Deus não quer que nós continuemos retendo mesmo depois que Jesus voltar, quando haverá a recompensa e retribuição das nossas obras. Da mesma forma, Paulo disse:
“Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha” (1 Coríntios 11:26)
É evidente que Paulo não queria que os coríntios continuassem celebrando a Ceia do Senhor mesmo depois que Ele voltar. Novamente, o “até que” marca o fim de um acontecimento, designando o limite dele. João escreve no Apocalipse que “o restante dos mortos não voltou a viver até que se completassem os mil anos” (Ap.20:5).
Esse “até que” marca o limite de um acontecimento ou restrição. Ninguém iria contestar o fato de que o restante dos mortos voltou a viver depois que se completaram os mil anos. E como sabemos disso? Por causa do “até”! Se ele não marcasse conclusivamente o fim de um acontecimento ou restrição, ele não provaria que os mortos voltaram a viver e nem nós saberíamos disso, embora esteja implicitamente óbvio no texto.
Jesus também disse que “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt.24:13). Se o “até” não delimitasse o limite, iria ter gente perseverando mesmo depois de ter acabado tudo! Lucas diz que “agarraram Pedro e João e, como já estava anoitecendo, os colocaram na prisão até o dia seguinte” (At.4:3). Sabemos que no dia seguinte Pedro e João foram soltos porque o “até” nos indica claramente o fim daquele acontecimento.
Se os apóstolos tivessem sido doutrinados na exegetica católica onde o “até” não marca necessariamente o fim de um acontecimento, eles estariam esperando sair da prisão até hoje! Se o “até” não marcasse o fim, não faríamos a mínima ideia de quando eles foram soltos – poderia ter sido anos depois, quem sabe!
Depois da transfiguração, Jesus disse: “Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do homem tenha sido ressuscitado dos mortos” (Mt.17:9). Prova de que Pedro entendia que o “até que” delimitava um limite, é o fato de que ele próprio realmente contou sobre isso depois que Jesus ressuscitou (2Pe.1:17,18). Ou seja: ele compreendia que o “até que” era necessariamente uma restrição que chegava ao fim depois daquilo.
Portanto, com tantas esmagadoras evidências bíblicas de que o “até que” delimita um limite que é ultrapassado com o fim da restrição, por que deveríamos pensar que bem exatamente no caso de Mateus 1:25 a coisa deveria ser diferente? Ora, o que ocorre no texto de Mateus 1:25 é rigorosamente a mesma estrutura que ocorre nos textos que acabamos de passar.
Se cremos que os mortos revivem depois de mil anos, que Pedro falaria da transfiguração após a ressurreição de Cristo e que Pedro e João foram soltos no dia seguinte, é porque o “até que” nos diz isso. Se a mesma estrutura textual é aplicada no texto de Mateus 1:25 e usarmos um critério básico da exegese (dois pesos, duas medidas), a mesma coisa acontece também no texto de Mateus 1:25, onde uma restrição é lançada tendo o seu fim depois do “até que”. Portanto, Maria foi virgem até que nascesse Jesus, e não perpetuamente.
O fato de Mateus acrescentar também que Maria deu a luz ao seu “primogênito” (v.25) também indica que ela teve outros filhos. Caso assim não fosse, teria simplesmente escrito que Jesus era o seu “filho único”, como a Bíblia frequentemente afirma em outros casos, em que de fato não havia outros irmãos na família (Lc.7:12; Lc.9:38), como o caso da viúva de Naim, cujo “filho único” (Lc.7:12) havia falecido, e do homem que queria expulsar de seu filho o demônio, porque era o seu “filho único” (Lc.9:38).
Por que nestes casos não está escrito que eles eram os seus filhos primogênitos? Porque eles eram os seus únicos filhos. Quando alguém era o primeiro de outros filhos de uma mesma mãe, é comum a Bíblia chamar de “primogênito”; porém, quando ele não apenas é o primeiro, mas também o único, a palavra usada frequentemente é “filho único”, como mostra a tabela abaixo:


Primeiro e único filho >> “Filho único” (Lc.7:12; 9:38)   
Primeiro de outros filhos >> “Primogênito” (1Cr.4:4; 2:50; 1:29)
Último filho >> “Caçula” (Jz.1:13; 3:9; 1Sm.14:49)


Jesus se enquadra no segundo quadro, e não no primeiro (Mt.1:25; Lc.2:7).
Em suma, Mateus não escreve nem que José não teve relações com ela nunca, nem tampouco que Jesus era o seu filho único. O texto bíblico não verte: “...e ele nunca a conheceu, e ela fez nascer ao filho único dela, e lhe pôs o nome de Jesus”. Ao contrário, diz categoricamente que a restrição estava lançada “até...” o nascimento daquele que foi o primeiro dos filhos de Maria.
O fato de Maria ter tido outros filhos, cumprindo o papel de esposa para com o seu marido (1Co.7:3-5), de modo algum chega a ser algum tipo de desprezo a ela ou ao matrimônio. Ao contrário, o que Deus proíbe é o adultério, o ato de trair o seu cônjuge com alguma outra pessoa (Lc.18:20). O relacionamento natural entre marido e mulher é apoiado biblicamente, de acordo com a ordem do próprio Deus – “crescei e multiplicai-vos” (Gn.1:22), e “deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Mt.19:5).
Da mesma forma, o fato de Jesus ser o primogênito (e não “filho único”) não é um desprezo a ele; muito pelo contrário, serve para reforçar ainda mais fortemente o fato de que ele quis ficar em igualdade conosco “em todos os aspectos” (Hb.2:17), tendo uma família com vários irmãos de sangue (Mc.6:3), além de sua família espiritual, que é a reunião de todos os crentes em Cristo Jesus (Mt.12:48-50).
Assim como Jesus foi o “primogênito entre muitos irmãos” (Rm.8:29) no campo espiritual, ele também foi o primogênito de muitos irmãos no campo natural (Mc.6:3). Desta forma, as alegações católicas contra a validade de Mateus 1:25 carecem de fundamento, bem como as suas tentativas de defender um dogma que não possui qualquer estrutura bíblica de respaldo.
Por: Lucas Banzoli (apologiacrista.com).
OS IRMÃOS DE JESUS
No Novo Testamento mencionam-se em várias ocasiões os irmãos de Jesus:

Mateus 12:46-47;
Mateus 13: 55;
Marcos 3:31-32;
Marcos 6:3;
Lucas 8:19-20;
João 2:12;
João 7:3-10;
Actos 1:14;
1 Coríntios 9:5;
Gálatas 1:19;
Cabe perguntar quem eram eles, e qual era a sua relação exacta com o Senhor Jesus. Antes de considerar diversas explicações, recordemos que a palavra grega adelphos, irmão, admite vários significados:

1. O significado primário é a relação de consanguinidade de duas pessoas que são filhos dos mesmos pais, ou do mesmo pai ou mãe (o significado normal de "irmão" em português). Podem achar-se muitos casos deste uso; por exemplo:

Mateus 1:2 (Judá e seus irmãos, adelphoi)
Mateus 1:11 (Jeconias e seus irmãos)
Mateus 4:18 (dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e seu irmão André)
Mateus 4:21 (outros dois irmãos, Tiago o filho de Zebedeu, e seu irmão João)
Lucas 3:1 (Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Felipe tetrarca da Itureia)
João 1:40 (André, irmão de Simão Pedro)

2. Secundariamente pode aludir a parentes próximos, segundo o uso hebreu de chamar "irmão" (hebreu 'ach) a parentes, como os casos de Ló, sobrinho de Abrão e de Jacó, sobrinho de Labão:

Génesis 13:8 (Abrão disse a Ló: «... somos irmãos»)
Génesis 29:15 (disse Labão a Jacó: «Por seres meu irmão hás-de servir-me de graça?»)

Uma razão deste costume é que não existe no hebreu bíblico uma palavra específica para "sobrinho" nem para "primo"; contudo, há um termo para "tio" ou "tia" (respectivamente dod, Levítico 10:4; 20:20; doda, Levítico 18:14), assim como para "descendente" ou "posteridade" (néked, Génesis 21:23; Jó 18:19; Isaías 14:22).

3. Já em sentido mais amplo, outro uso do termo "irmão" tem que ver com relações raciais e nacionais:

Actos 2:29 («Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente...»)

Actos 2:37 (disseram a Pedro e aos outros apóstolos: «Irmãos, que faremos?»)

4. Finalmente, a palavra também pode usar-se para significar vínculos espirituais e religiosos:

Mateus 18:15 («Portanto, se teu irmão pecar contra ti...»)
Mateus 18:21 («Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão...?»)
Actos 15:24 («Os apóstolos, os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios...»)
Romanos 1:13 (Mas não quero, irmãos, que ignoreis...)
1 Coríntios 1:10 (Rogo-vos, pois, irmãos, ...)

Ora bem, no tema que nos ocupa os dois últimos usos ficam descartados em relação aos irmãos e irmãs de Jesus, o terceiro por ser muito amplo para o contexto destes ditos, e o quarto – vínculos espirituais ou religiosos - porque diversas passagens sublinham a incredulidade dos irmãos de Jesus antes da ressurreição (por exemplo, João 7:5); voltaremos a este tema mais à frente.

Restaria então explorar as primeiras duas possibilidades.

1. SE TRATAVA DE "IRMÃOS" NO SENTIDO NORMAL DO TERMO

Dentro desta interpretação cabem duas possibilidades:

a) Eram filhos de José e Maria, nascidos depois de Jesus

Esta explicação é sugerida por Mateus 1:25, onde se diz que José não conheceu Maria (no sentido bíblico de ter relações íntimas com ela) até que nasceu Jesus. No mesmo sentido aponta Lucas 2:23, onde Jesus é chamado o primogénito. Ora bem, estes textos não são concludentes por si mesmos. Acerca do primeiro, pode arguir-se que Mateus se limita a estabelecer o facto da concepção virginal, sem dizer explicitamente nada do que ocorreu depois de nascido Jesus. Em relação ao termo primogénito, é possível argumentar que este é um termo técnico para referir o primeiro filho nascido, sem que isso implique que tivesse que ter irmãos.

Se não soubéssemos mais nada, as objecções mencionadas deixariam o assunto como um problema insolúvel. No entanto, os quatro evangelistas canónicos mencionam como uma questão de facto a existência dos irmãos de Jesus. Igualmente o apóstolo Paulo se refere a eles, nomeando especificamente Tiago. Em nenhum destes textos se insinua que fossem outra coisa que não irmãos consanguíneos, segundo o sentido normal do termo, e portanto filhos de Maria.

Esta opinião é reforçada quando se examina o modo em que são mencionados os irmãos e as irmãs de Jesus em Mateus 13:54-56,

E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: - Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?

Neste texto se alude ao suposto pai de Jesus, depois à sua mãe, aos seus irmãos e às suas irmãs. Com isto se descreve um grupo familiar primário: pai, mãe, irmãos e irmãs.

A isto deve acrescentar-se que embora no Novo Testamento não se use o termo anepsiôs que significa «primo» ou «parente», aparece outro termo que significa colectivamente "parentela" (sungeneia, Lucas 1:61; Actos 7:3,14). Este vocábulo deriva de sungenês ou sungeneus, que significam «parente», e usa-se reiteradamente no Novo Testamento: Marcos 6:4; Lucas 1:58; 2:44; 14:12; 21:16; João 18:26; Actos 10:24; Romanos 9:3; 16: 7, 11, 21. Segundo Lucas 1:36, o anjo Gabriel chama Isabel a «parenta» (sungenis) da Bem-aventurada Maria (Lucas 1:36), não sua «irmã» (adelfê).

As objecções comuns contra esta interpretação são:

a) Que Maria não pôde ter tido outros filhos porquanto tinha feito um voto de virgindade. Esta ideia busca fundamento na pergunta da Bem-aventurada Maria ao anjo Gabriel, depois de este lhe ter anunciado que ia conceber: «Como será isso, se eu não conheço homem». A interpretação desta simples declaração - que poderia naturalmente tomar-se como uma reacção ingénua de surpresa perante o anúncio do anjo - no sentido de um voto de perpétua virgindade remonta a finais do século IV, quando foi proposta por Gregório de Nissa (aprox. 330-395). No entanto, a evidência do próprio texto é extremamente ténue para dizê-lo suavemente. E o mesmo pode dizer-se acerca da evidência histórica de mulheres hebreias comprometidas em casamento que fizessem votos de virgindade perpétua.

b) A segunda objecção é que os irmãos de Jesus nunca são chamados "filhos de Maria". Isto é certo, mas pode explicar-se facilmente pelo facto de que os evangelistas e Paulo aludem aos familiares de Jesus desde o ponto de vista de seu parentesco com ele, não com Maria. Do mesmo modo em que Maria é "a mãe do Senhor", referem-se a Tiago e aos outros como "seus irmãos" e "suas irmãs", isto é, do Senhor.

c) A terceira objecção é que se se tratava de irmãos menores de Jesus, pela questão da autoridade reconhecida do primogénito na cultura judia, eles não se teriam atrevido a questionar o ministério do Senhor. A isto pode responder-se 1) que não pode esperar-se demasiada consistência de quem, como eles, pretendia nada menos que impedir Jesus de prosseguir a sua obra; 2) que se pensavam seriamente que Jesus não estava simplesmente equivocado, mas «fora de si» as considerações acerca da primogenitura passariam a um segundo plano; e 3) que não há razão para pensar que parentes mais afastados pudessem ter mais ascendente sobre Jesus que seus irmãos menores.

d) A quarta objecção é que a ter sido filhos de José e Maria, seria difícil explicar como um destes irmãos tinha o nome de seu pai. No entanto, a objecção carece de força porque se bem que isto era inusitado em tempos do Antigo Testamento, não ocorria a mesma coisa no século I da nossa era.

"Em períodos posteriores a patronímia (nomear um menino varão como o seu pai: cf. Lucas 1:59-61) e a paponímia (nomear um menino varão como o seu avô) não eram pouco comuns. A prática pôs-se de moda durante o período persa, e pode explicar a identificação popular de Dario com Ciro (se é esta a intenção) em Daniel 6:28 (texto massorético 29) ...
Onde um ofício era herdado, como no caso da realeza e do sacerdócio, havia uma tendência a reutilizar os nomes pessoais frequentemente em gerações sucessivas. Além disso, depois do tempo do exílio da Judeia, os nomes muitas vezes não se baseavam em acontecimentos relacionados com o nascimento, a julgar especialmente pela relativa popularidade da patronímia e da paponímia..."

Names, proper, em International Standard Bible Encyclopedia. Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1986, 3:486, 487-488.

Um caso no Novo Testamento onde este costume aparece é a propósito de João o Baptista, a quem os que vieram circuncidar o menino queriam chamá-lo como o seu pai, Zacarias. Foi Isabel, por indicação do próprio Zacarias, que impediu tal imposição e indicou por escrito que se chamaria João; isso estranha os presentes, pois não havia ninguém na família que tivesse tal nome (Lucas 1:57-64). A propósito deste texto, escreve o dominicano Manuel de Tuya:

"Embora primitivamente não se faça assim, na época neo-testamentária punha-se o nome no dia da circuncisão. Costumava-se pôr o nome do avô, e embora fosse raro pôr-lhes o nome dos seus pais, havia casos em que se fazia assim no judaísmo tardio. Por isso, dada a avançada idade de Zacarias, queriam chamar-lhe com o seu nome."

Evangelio de San Lucas, em Profesores de Salamanca: Biblia Comentada, 3ª Ed. Madrid: BAC, 1977, Vb: 35.

Além deste exemplo do Novo Testamento, o autor mencionado cita o exemplo do pai e do avô de Herodes o grande, os quais se chamavam ambos Antipas (Flávio Josefo, Antiguidades dos judeus XIV, 1:3) e o de Anã filho de Anã, que sob o procurador Albino foi sumo sacerdote no ano 62 da nossa era (ibid., XX, 9:1). De modo que não é particularmente estranho que um filho de José e Maria tivesse o nome de seu pai.

e) A quinta objecção é que, se os irmãos de Jesus eram seus consanguíneos, é incompreensível que o Senhor desde a cruz tenha encomendado a sua mãe Maria ao cuidado do seu discípulo amado em vez de encomendá-la aos seus próprios irmãos. A resposta mais simples a esta objecção é que os seus irmãos, que não criam nele e que tinham tentado afastá-lo do seu ministério, não estavam presentes junto à cruz, como o estavam, em contrapartida, a Bem-aventurada Maria e o discípulo amado. Durante o seu ministério terrenal, o Senhor anunciou que as famílias se dividiriam por causa d`Ele (Lucas 12:49-53), e insistiu na prioridade absoluta do parentesco espiritual sobre o carnal (Mateus 10:37; 12:46-50 e paralelos; Marcos 10:29). Assim como os seus irmãos não creram n`Ele, é provável que não compreendessem a Bem-aventurada Maria. Em contrapartida, o discípulo amado, tão próximo do Senhor, era perfeitamente idóneo para tomar a seu cargo a idosa e fiel Maria.

Quando Mateus 1:25 e Lucas 2:23 se lêem no contexto dos dez textos que se referem aos irmãos do Senhor, se faz óbvia a força acumulativa do argumento que toda esta evidência suporta. Em outras palavras, esta hipótese é a que requer menos conjecturas e está baseada na mais firme evidência escritural.

Assim o entendeu, entre os Padres, Tertuliano em princípios do século III:

"«Quem é minha mãe e meus irmãos? ... Ele estava justamente indignado de que pessoas tão próximas d`Ele «permanecessem fora», enquanto uns estranhos estivessem dentro aferrando-se às Suas palavras. Isto é particularmente assim dado que sua mãe e seus irmãos desejavam apartá-lo da obra solene que tinha entre mãos. Mais que negá-los, Ele os desautorizou. Portanto, à pergunta prévia, «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?» acrescentou a resposta: «Ninguém senão os que ouvem as minhas palavras e as praticam». Deste modo transferiu os nomes das relações consanguíneas a outros que considerava mais estreitamente relacionados com Ele por causa da fé deles... Não é surpreendente que preferisse gente de fé aos seus próprios parentes, que não possuíam tal fé."

(Contra Marcião IV, 19; igualmente Sobre a carne de Cristo, 7).

Também foi defendida no século IV por Helvídio. Contudo, devido a alguns lhes parecer impossível, se não intolerável, a ideia de que a Bem-aventurada Maria tenha sido a feliz mãe de outros muitos filhos além de Jesus, formularam outras hipóteses com o intento de sustentar a noção de que Maria jamais deu à luz outro filho que não o seu primogénito. A seguir examinaremos duas de tais hipóteses.

b) Eram filhos de José de um matrimónio anterior

Segundo esta hipótese, José se teria casado com Maria em segundas núpcias, e os irmãos e irmãs de Jesus não teriam sido consanguíneos seus, mas parentes por ter o mesmo pai de criação e legal.

A fonte desta interpretação acha-se nos evangelhos apócrifos, em particular o Proto-evangelho de Tiago. Nesta obra que provavelmente deve datar-se na segunda metade do século II, narra-se que Maria foi criada no templo, mas quando cumpriu doze anos os sacerdotes decidiram procurar para ela um esposo para tirá-la dali e evitar que o contaminasse. Zacarias consultou o Senhor e um anjo lhe ordenou convocar todos os viúvos para eleger-lhe um marido; o Senhor daria um sinal para que soubessem quem era o eleito. Entre eles estava José, sobre o qual desceu uma pomba.

"E o sacerdote disse a José, «Coube a ti a sorte de receber em custódia a virgem do Senhor». Mas José lhe respondeu, «Tenho filhos e sou velho; enquanto ela é uma menina. Oponho-me pois, do contrário serei objecto de riso dos filhos de Israel». E o sacerdote disse a José, «Teme ao Senhor teu Deus ...». E José teve medo e a recebeu em custódia." (9:1-2).

Basicamente a mesma história é repetida por obras apócrifas posteriores, como a História de José o carpinteiro dos séculos IV ou V, e o Evangelho do Pseudo-Mateus, escrito em latim provavelmente no século VIII ou IX. Na História... o nome dos filhos de José dá-se como "Judas, Justo, Tiago e Simeão" e acrescenta-se o das filhas, Lísia e Lídia.

Entre os Padres, o primeiro em insinuar a noção de que os irmãos de Jesus eram na realidade filhos de José foi Clemente de Alexandria em finais do século II:

"Judas, aquele que escreveu a epístola católica, era o irmão dos filhos de José. E era muito religioso. Embora experimentando a relação próxima do Senhor, ainda assim não diz que ele mesmo era seu irmão. Mas que diz? «Judas, servo de Jesus Cristo» d`Ele como Senhor; mas «o irmão de Tiago». Pois isto era verdade. Judas era seu irmão, através de José."

Comentário sobre a Epístola de Judas, nos Fragmentos de Casiodoro.

No século III Orígenes, que considerava Clemente seu mestre, toma nota desta tradição:

"Alguns dizem, baseando-o numa tradição do Evangelho segundo Pedro (como se titula) ou no Livro de Tiago [o espúrio Proto-evangelho de Tiago], que os irmãos de Jesus eram filhos de José de uma esposa anterior, que ele desposou antes de Maria."

(Comentário sobre Mateus, 17).

O principal defensor desta explicação, que é até hoje a posição oficial das Igrejas ortodoxas orientais, foi Epifánio no século IV. A hipótese reconhece algumas variantes. Segundo uma delas, sugerida por Teofilacto, os irmãos de Jesus seriam filhos de José pela lei de levirato, segundo a qual este teria gerado filhos com a esposa de Cléofas, seu defunto irmão. Segundo outra, eram verdadeiros filhos de Cléofas e portanto sobrinhos de José que ele teria adoptado como filhos.

Eusébio de Cesareia conserva uma tradição neste sentido em relação a outro dos irmãos do Senhor, Simão:

"Depois do martírio de Tiago e da tomada de Jerusalém, que se seguiu imediatamente, é tradição que os apóstolos e discípulos do Senhor que ainda viviam reuniram-se de todas partes num mesmo lugar, junto com os que eram da família do Senhor segundo a carne (pois muitos deles ainda viviam), e todos celebraram um conselho sobre quem devia ser julgado digno de suceder a Tiago, e todos, por unanimidade, decidiram que Simeão, o filho de Clopas [Sumeôna ton tou Klôpa) – mencionado também pelo texto do Evangelho - era digno do trono daquela igreja, por ser primo (anepsion) do Salvador, pelo menos segundo se diz, pois Hegésipo refere que Clopas era irmão de José."

História Eclesiástica III, 11:1

Hegésipo baralhou aqui os nomes, pois os nomes tanto dos Apóstolos chamados «Simão», ou seja, Pedro e o Zelote, como do irmão de Jesus que se nomeia em Mateus 13:55 e Marcos 6:3 se escrevem Simôn. O único personagem com o nome Sumeôn que se menciona no marco temporal do Novo Testamento é o ancião que profetizou no templo (Lucas 2:25-34).

Retornando à hipótese principal desta parte, ou seja, que os irmãos de Jesus eram filhos de um matrimónio anterior de José, há que sublinhar que não existe a menor evidência bíblica para sustentar esta hipótese, cuja origem tardia e espúria a faz de per si extremamente duvidosa. Os supostos filhos de José não aparecem em lado nenhum nos relatos da natividade de Jesus, nem nas escassas alusões à sua infância; adicionalmente, ele é chamado o primogénito (Lucas 2:23), ou seja, o primeiro filho.

Uma objecção comum a ambas as hipóteses apresentadas até aqui – ou seja, que os irmãos fossem filhos de José ou filhos de José e Maria - é que os irmãos não são mencionados no episódio do menino Jesus no templo, narrado em Lucas 2:41-52. É certo que não são mencionados explicitamente, mas há que ter em conta que o texto em questão também não diz que somente José, Maria e Jesus subiram a Jerusalém. Fala-se de uma caravana ou companhia, na qual havia muitas pessoas, incluindo familiares. O propósito do relato não exige de modo algum a menção explícita dos irmãos de Jesus.

2. ERAM PARENTES PRÓXIMOS DE JESUS, POSSIVELMENTE PRIMOS

Esta explicação foi proposta inicialmente por Jerónimo, e depois aceite por Agostinho de Hipona e outros mestres. É a posição da Igreja de Roma. Entre os reformadores, Lutero a aceitou, ainda que não dogmaticamente; e mais tarde Chemnitz, Bengel e outros.

Em essência, segundo este ponto de vista os irmãos de Jesus eram seus primos por parte de sua linha materna, e portanto consanguíneos. Teriam sido os filhos de Alfeu, que seria a mesma pessoa que Cléofas, e da irmã de Maria, que tinha o mesmo nome que ela. Esta Maria, tia de Jesus, é a descrita como a «mãe de Tiago e José» (Mateus 27:56) e como «a mãe de Tiago o menor e de José» (Marcos 15:40).

Ainda segundo esta opinião, dado que três dos nomes dos irmãos de Jesus aparecem nas listas de apóstolos (Tiago, Judas e Simão), e que Tiago é chamado filho de Alfeu, seria uma coincidência muito notável que além dos seus primos Jesus tivesse irmãos com exactamente os mesmos nomes. O facto de que a um dos Tiagos se lhe chame "o menor" indicaria que havia apenas dois Tiagos no círculo de próximos do Senhor, a saber, Tiago filho de Zebedeu, o irmão de João, e Tiago filho de Alfeu, que era primo de Jesus.

Alguns dizem que provavelmente Maria foi viver com a sua irmã depois da morte de seu esposo José, o que explicaria que afluísse com os seus sobrinhos quando foram ver Jesus. Outros, pelo contrário, vêem no facto de Jesus ter encomendado o cuidado de sua mãe ao seu discípulo amado (João 19:25-27) a indicação de que a relação dela com os seus sobrinhos não era muito estreita.

Para analisar a plausibilidade desta hipótese, é preciso revisar cuidadosamente várias passagens. Quatro dos irmãos de Jesus são nomeados num texto paralelo de Mateus e Marcos:

Mateus 13:54-56

E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: - Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?

Marcos 6: 1-3

Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam. Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouvi-lo, se maravilhavam, e perguntavam: - Donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos? Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.

Estes dois textos dão uma lista dos irmãos do Senhor por nome. Ambas as listas são iguais, com os mesmos quatro nomes: Tiago, José, Judas e Simão.

O nome Iakôbos pode traduzir-se por Jacó, Tiago e em alguns casos Jaime. No que segue se usou consistentemente a forma "Tiago". Há um Tiago que é chamado explicitamente «o irmão do Senhor» em Gálatas 1:19. Fora do Novo Testamento, o historiador judeu Flávio Josefo se refere a ele como se segue, a respeito da morte do procurador Festo na Judeia e a sua substituição por Albino no ano 62:

"Sendo Anã [o sumo sacerdote] deste carácter, aproveitando-se da oportunidade, pois Festo havia falecido e Albino ainda estava em viagem, reuniu o sinédrio. Chamou a juízo o irmão de Jesus que se chamou Cristo; seu nome era Tiago, e com ele fez comparecer a vários outros. Os acusou de ser infractores da lei e os condenou a ser apedrejados."

(Flávio Josefo, Antiguidades dos judeus, XX, 9: 1)

Provavelmente se trata do mesmo Tiago que veio a ser uma "coluna" da Igreja de Jerusalém, junto com Cefas (Pedro) e João (Gálatas 2:9). É possível que todos os seguintes textos se refiram ao mesmo Tiago, irmão do Senhor: Actos 12:17, 15:13, 21:18, 1 Coríntios 15:7, Gálatas 2:12. Aceita-se tradicionalmente que foi este Tiago, «irmão do Senhor» quem escreveu a carta que leva o seu nome; já assim Clemente de Alexandria e Orígenes. A relação de Eusébio de Cesareia é pertinente:

"Ao apelar Paulo ao César e ser enviado por Festo à cidade de Roma, os judeus, frustrada a esperança que os induziu a conspirar contra ele, voltaram-se contra Tiago, o irmão do Senhor, a quem os apóstolos tinham confiado o trono episcopal de Jerusalém ...
O modo como ocorreu a morte de Tiago já foi esclarecido pelas palavras citadas de Clemente ... Mas quem narra com maior exactidão tudo o que a ele se refere é Hegésipo, que pertence à primeira geração sucessora dos apóstolos e que, no livro V de suas Memórias, diz assim:
«Sucessor na direcção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de 'Justo', desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Tiago...»."


Historia Eclesiástica II, 23: 1,3-4; a narração ocupa todo o resto do capítulo.

Diga-se de passagem, Eusébio também obteve de Hegésipo a seguinte referência aos descendentes de Judas, o meio-irmão de Jesus:

"O próprio Domiciano deu ordem de executar os membros da família de David, e uma antiga tradição diz que alguns hereges acusaram os descendentes de Judas –que era irmão do Salvador segundo a carne (adelfon kata sarka tou sôtêros) - , com o pretexto de que eram da família de David e parentes (sungeneian) do próprio Cristo. Isto é o que declara Hegésipo quando diz textualmente:
«Da família do Senhor viviam ainda os netos de Judas, chamado seu irmão segundo a carne, aos quais delataram por serem da família de David... O evocatus conduziu-os à presença do césar Domiciano, porque este, assim como Herodes, temia a vinda de Cristo. E perguntou-lhes se descendiam de David; eles o admitiram...»."

Ibid, III, 19-20

AS MULHERES JUNTO À CRUZ E NA RESSURREIÇÃO

Voltando à hipótese que estamos a examinar, supõe-se que este Tiago é chamado também Tiago (filho) de Alfeu e Tiago o menor, para distingui-lo do homónimo filho de Zebedeu. Tal identificação se baseia principalmente nas listas de mulheres que presenciaram a crucificação e as que compraram ou prepararam aromas para ungir o corpo do Senhor. Os textos pertinentes são:

Mateus 27:55-56

Estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, servindo-o. Entre as quais estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

Marcos 15:40-41

Também havia algumas mulheres olhando de longe, entre as quais estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago o menor e de José, e Salomé; as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.

Lucas 23:49

Mas todos os seus conhecidos, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas coisas.

João 19:25

Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas e Maria Madalena.

Mateus 28:1

Passado o sábado, ..., Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.

Marcos

Quando passou o sábado, Maria Madalena, Maria a de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.

Lucas 23:55

As mulheres que o tinham seguido desde a Galileia o seguiram e viram o sepulcro e como foi posto o seu corpo. Ao regressar, prepararam aromas e unguentos; e descansaram no sábado, conforme o mandamento.

Lucas 24:10

Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e as outras com elas, as que disseram estas coisas aos apóstolos.

João 20:1

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhã, sendo ainda escuro, ao sepulcro, e viu removida a pedra do sepulcro.

Todos os textos que mencionam nomes incluem Maria Madalena. Outras mulheres que são explicitamente chamadas pelo seu nome são:

a) Maria a mãe de Tiago e de José (Mateus) que é com toda a probabilidade Maria a mãe de Tiago o menor e de José, e «Maria a de Tiago» (Marcos) e talvez a mãe de Tiago que menciona Lucas.
b) Maria a de Cléofas. O texto grego não diz que era esposa de Cléofas; poderia igualmente tratar-se de sua filha.
c) "A outra Maria" (Mateus 28:1), possivelmente a mesma que em (a)
d) Salomé
e) Joana

Algumas mulheres são mencionadas indicando os seus parentescos:

a) A mãe dos filhos de Zebedeu (Salomé? cf. Mateus 27:56 com Marcos 15:40)
b) A irmã da mãe de Jesus

Uma complicação adicional surge de que não está claro se João 19:25 se refere a três mulheres ou a quatro. Em concreto, é a irmã da mãe do Senhor a mesma mulher que é chamada Maria de Cléofas?

Apesar de o grego não ser concludente e admitir ambas as leituras, outras considerações levam a pensar que João se refere a quatro mulheres e não a três. Em primeiro lugar, se a irmã da mãe de Jesus é Maria de Cléofas, isso significaria que ambas as irmãs tinham o mesmo nome, um facto extremamente curioso.

Num manuscrito (B de Tischendorf) do Evangelho do Pseudo-Mateus explica-se que esta Maria era filha de Ana, mãe da Bem-aventurada Maria], e que tinha nascido da união de Ana em segundas núpcias com Cléofas. Em tal caso, Maria de Cléofas deveria ler-se "Maria, (filha) de Cléofas". A razão de ambas as irmãs se chamarem da mesma maneira, segundo o apócrifo, é que ela foi dada a Ana como compensação por ter consagrado a Deus a Bem-aventurada Maria. Segundo a mesma história, esta segunda Maria, filha de Cléofas, se casou com Alfeu e foi mãe de "Tiago o filho de Alfeu e de Felipe seu irmão [sic]. E tendo morrido seu segundo esposo, Ana foi casada com um terceiro esposo chamado Salomé [sic], de quem teve uma terceira filha. Ela a chamou igualmente Maria, e a deu a Zebedeu como esposa; e dela nasceram Tiago o filho de Zebedeu e João o Evangelista."

Esta fantástica história é obviamente uma tentativa bastante rebuscada de justificar a existência de três Marias que teriam sido irmãs por parte de mãe, e de fazer aparecer como primos de Jesus os apóstolos Tiago e João, filhos de Zebedeu, e Tiago filho de Alfeu e Felipe. Desde logo, não há a menor evidência que justifique estes parentescos tal como os apresenta o Pseudo-Mateus.

O argumento baseado na lista de mulheres junto à cruz e nas que foram ungir o corpo de Jesus no dia da ressurreição toma actualmente uma forma mais subtil. Para compreendê-la, é necessário revisar primeiro as listas dos Apóstolos, dado que se tenta demonstrar que um ou mais dos irmãos de Jesus eram filhos de outra mãe que se contavam entre os seus discípulos.

LISTAS DE APÓSTOLOS

Os Doze são listados em quatro ocasiões, como se segue:

Mateus 10: 2-4

Simão Pedro
seu irmão André
Tiago de Zebedeu
João seu irmão

Felipe
Bartolomeu
Tomé
Mateus o publicano

Tiago de Alfeu
Tadeu
Simão Zelote
Judas Iscariotes

Marcos 3: 16-19

Simão Pedro
Tiago
João irmão de Tiago
André

Felipe
Bartolomeu
Mateus
Tomé

Tiago de Alfeu
Tadeu
Simão Cananeu
Judas Iscariotes

Lucas 6:14-16

Simão Pedro
André seu irmão
Tiago
João

Felipe
Bartolomeu
Mateus
Tomé

Tiago de Alfeu
Simão Zelote
Judas de Tiago
Judas Iscariotes

Actos 1:13

Pedro
Tiago
João
André

Felipe
Tomé
Bartolomeu
Mateus

Tiago de Alfeu
Simão Zelote
Judas de Tiago
---vacante----

Destas listas cabe destacar o seguinte:

1. As quatro são encabeçadas por Simão Pedro.

2. Nas três prévias ao suicídio de Judas Iscariotes, o seu nome aparece no fim; na de Actos é omitido.

3. As quatro listas podem dividir-se em três grupos com quatro nomes cada uma, que são sempre encabeçados por Pedro, Felipe e Tiago de Alfeu.

4. As demais posições mostram variantes.

a) No primeiro grupo, André, irmão de Pedro, figura em segundo nas listas de Mateus e Lucas, mas atrás de Tiago de Zebedeu e seu irmão João nas de Marcos e Actos. Esta variante explica-se pela proeminência de Pedro, Tiago e João em relação ao resto dos Doze.

b) No segundo grupo, Bartolomeu aparece a seguir a Felipe nos três Evangelhos, mas depois de Tomé em Actos. Mateus aparece como último do grupo em Mateus e Actos, lugar que é ocupado por Tomé em Marcos e Lucas.

c) No terceiro grupo, Simão o Zelote aparece em segundo (a seguir a Tiago de Alfeu) em Lucas e Actos, mas em terceiro lugar, depois de Tadeu, em Mateus e Marcos.

5. Tadeu, que figura em segundo no terceiro grupo em Mateus e Marcos, corresponde a Judas de Tiago em Lucas e Actos.

6. Mencionam-se explicitamente duas parelhas de irmãos:

a) Pedro e André nos Evangelhos de Mateus e Lucas

b) Tiago de Zebedeu e João em Mateus e Marcos.

7. Nos casos do primeiro Tiago em Mateus, e do segundo Tiago nas quatro listas, se acrescenta um genitivo: respectivamente Tiago (o) de Zebedeu e Tiago (o) de Alfeu. A maioria das versões traduzem tal genitivo como um patronímico: Tiago filho de Zebedeu e Tiago filho de Alfeu.

8. As listas de Mateus e Marcos mencionam Tadeu, que provavelmente representa um sobrenome, forma grega do hebreu taday = peito. Isto é sugerido, além disso, pela variante Lebeu (do hebreu leb = coração) presente em alguns manuscritos, assim como a conflação "Lebeu, também chamado Tadeu" em alguns manuscritos do Evangelho de Mateus. Ambos os sobrenomes podem indicar as mesmas qualidades: ternura, integridade ou valor. Este Apóstolo é nomeado por Lucas (no Evangelho e em Actos) como "Judas de Tiago". Embora diversas versões traduzam "Judas irmão de Tiago", o texto grego não menciona a palavra "irmão" (adelphos), como o faz com Pedro em relação a André e com João em relação a Tiago de Zebedeu. Outras versões, em contrapartida, traduzem "Judas filho de Tiago" ainda que novamente a palavra grega correspondente (hyios) não figure no texto. De qualquer forma, o considerar Judas "filho de Tiago" é o modo mais natural de entender a expressão, ou seja, como um genitivo de filiação, estrutura que se usa exactamente do mesmo modo para Tiago de Zebedeu e Tiago de Alfeu.

A propósito da identidade do Judas autor da carta homónima, que é identificado explicitamente como "irmão de Tiago", diz um comentarista católico:

"No Novo Testamento, quando se trata de parentesco expresso por um genitivo depois de um nome, se quer designar uma relação não de fraternidade, mas de paternidade. Judas no Evangelho, é filho de Tiago; portanto, um indivíduo distinto do nosso Judas, irmão de Tiago. Por conseguinte, Judas autor da nossa epístola e irmão de Tiago é provável que não seja apóstolo, como o próprio Tiago".

José Salguero, O.P., Epístola de San Judas, em Profesores de Salamanca: Biblia Comentada. Madrid: BAC, 1965, 7:277; negrito acrescentado.

Dado este uso normal e o facto de, à diferença das parelhas Pedro-André e Tiago-João que são explicitamente identificados como irmãos, não ocorrer a mesma coisa no caso de Tiago de Alfeu e Judas de Tiago, é muito provável que não se trate de outra parelha de irmãos, mas de filhos de diferentes pais.

NOMEIAM OS EVANGELISTAS A MÃE DE TIAGO DE ALFEU?

O argumento a que aludimos antes de proporcionar e discutir as listas de apóstolos se baseia no seguinte:

1. Além de Maria Madalena, os Evangelhos sinópticos mencionam explicitamente «outra Maria»: «a mãe de Tiago e de José» (Mateus); "«a mãe de Tiago o menor e de José» (Marcos), «Maria a mãe de Tiago» (Marcos e Lucas).

2. O Evangelho de João menciona a mãe do Senhor e a irmã de sua mãe, «Maria de Cléofas» mas não faz menção de seus filhos.

3. Dado que, tirando Maria Madalena, é a única Maria que é mencionada pelo nome, a Maria mãe de Tiago o menor e de José deve ser a Maria de Cléofas.

4. Tiago o menor pode ter-se chamado assim em contraposição a Tiago filho de Zebedeu, e se está presente na lista de discípulos deve ser o outro Tiago, chamado de Alfeu.

5. Ora bem, os nomes Alfeu e Cléofas podem ser diferentes formas gregas do mesmo nome arameu (Halfai).

6. Portanto, Tiago o menor seria Tiago filho de Alfeu/Cléofas e de Maria, a irmã da Bem-aventurada Maria; portanto um primo-irmão de Jesus.

Quem tenha seguido atentamente o texto poderá dar-se conta do número de suposições que entranha este argumento. No entanto, em benefício da clareza as enumeraremos:

a) A expressão «Tiago o menor» não implica que houvesse só dois Tiagos. No grego não há comparativos. A expressão «o menor» significa na realidade «o pequeno», «o jovem» ou «o baixinho» e provavelmente alude à sua juventude ou a uma altura invulgarmente baixa. É a uma característica do Tiago a que aqui se alude, não uma comparação com outro Tiago. Por isso, não exclui a existência de outros homens chamados Tiago além de Tiago de Zebedeu e Tiago de Alfeu.

b) Os três Evangelhos sinópticos deixam claro que havia todo um grupo de mulheres, das quais nomeiam apenas umas poucas. Quando Mateus se refere a «a outra Maria» além da Madalena, se refere com toda a probabilidade à outra Maria que ele próprio já mencionou, ou seja, a mãe de Tiago e de José. No entanto, não está claro que fosse a única outra Maria do grupo, e que deva portanto identificar-se com Maria de Cléofas. De facto, João, que nomeia esta última, menciona a mãe de Jesus além de Maria de Cléofas e Maria Madalena; de modo que sabemos com certeza que no grupo de mulheres galileias havia não menos de três Marias e talvez mais.

c) Como nenhum dos Evangelistas diz explicitamente que Maria a mãe de Tiago o menor seja Maria de Cléofas, não é possível identificá-las sem lugar a dúvidas.

d) Adicionalmente, a identificação de Cléofas com Alfeu pai de Tiago o apóstolo se baseia numa conjectura linguística.

A isto deve acrescentar-se a estranha anomalia de que precisamente os mesmos evangelistas - Mateus e Marcos - que mencionam pelo nome quatro irmãos de Jesus, ao referir-se à mulher em questão somente nomeiam Tiago e José, sem aludir a Simão e Judas. Dado que nada mais sabemos deste José, é possível que se trate de outra pessoa diferente do irmão de Jesus, o mesmo para o seu irmão Tiago o menor.

Em resumo, não há forma de identificar positivamente Tiago o menor, irmão de José, com Tiago (filho) de Alfeu.

No entanto, existe evidência adicional que demonstra tão concludentemente como possa sê-lo um argumento baseado em evidência histórica, que os irmãos do Senhor não pertenciam ao grupo dos discípulos, a saber, que no Novo Testamento os irmãos do Senhor são mencionados como um grupo diferente dos Doze.

TEXTOS QUE MENCIONAM OS IRMÃOS DO SENHOR E OS DOZE APÓSTOLOS COMO GRUPOS DIFERENTES

João 2:12

Depois disso desceram a Cafarnaum ele [Jesus], sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

Actos 1:13-14

Quando chegaram, subiram ao cenáculo, onde se alojavam Pedro e Tiago, João, André, Felipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago de Alfeu, Simão o Zelote e Judas de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração e súplicas, com as mulheres, e com Maria a mãe de Jesus, e com os irmãos dele.

1 Coríntios 9:5

Não temos nós direito de levar connosco uma esposa crente, como fazem também os outros apóstolos, os irmãos do Senhor, e Cefas?

ANTES DA RESSURREIÇÃO DE JESUS, OS SEUS IRMÃOS NÃO CRIAM NELE

Mateus 12:46-50

Enquanto ele ainda falava à multidão, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe alguém: - Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo. Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: - Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: - Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Marcos 3: 14-21, 31-35

Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar; e para que tivessem autoridade de curar enfermidades e expulsar os demónios. Designou, pois, os doze, a saber: Simão, ..., Tiago de Zebedeu, e João, irmão de Tiago,...; André, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, e Judas Iscariotes, o que o entregou. Voltaram para casa, e se juntou de novo tanta gente que nem sequer podiam comer pão. Quando os seus ouviram isso, vieram para o prender, porque diziam: «Está fora de si».

(segue uma discussão com os escribas, vv. 22-30)

Entretanto, chegaram seus irmãos e sua mãe e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Então a gente que estava sentada à volta dele disse-lhe: - Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram. Ele lhes respondeu dizendo: - Quem são minha mãe e meus irmãos? E olhando para os que estavam sentados à volta dele, disse: - Eis aqui minha mãe e meus irmãos, porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Lucas 8:1-2, 4, 19-21

Aconteceu depois que Jesus ia por todas as cidades e aldeias, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus. Acompanhavam-no os doze e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades... Juntando-se uma grande multidão e os que de cada cidade vinham ter com ele, disse-lhes por parábola....
Então sua mãe e seus irmãos vieram ter com ele; mas não podiam aproximar-se dele por causa da multidão. E o avisaram, dizendo: - Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. Ele então respondendo, lhes disse: - Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a palavra de Deus e a observam.

Embora difiram em diversos detalhes, as três narrações dos sinópticos coincidem, como o demonstram as expressões marcadas com negrito, em que os discípulos estavam junto do Senhor enquanto que os irmãos de Jesus, e sua mãe, estavam fora e afastados; portanto é inevitável a conclusão de que se trata de dois grupos diferentes. Marcos explica, além disso, a razão da visita, e é que vinham para levá-lo pela força porque pensavam que estava fora de si.

João 6: 66-68; 7:1-5

Desde então muitos dos seus discípulos voltaram atrás e já não andavam com ele. Disse então Jesus aos doze: - Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: - Senhor, a quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna. E nós cremos e conhecemos que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente. Depois disto andava Jesus pela Galileia, pois não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, a dos Tabernáculos, e lhe disseram os seus irmãos: - Sai daqui, e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes, porque ninguém que procura dar-se a conhecer faz algo em segredo. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo os seus irmãos criam nele.

Aqui os próprios irmãos de Jesus se distinguem a si mesmo dos discípulos. Além disso, os doze, representados por Pedro, acabavam de confessar que criam n`Ele, enquanto que segundo João os seus irmãos não criam n`Ele. Portanto se trata, ainda mais claramente do que em João 2:12, de dois grupos diferentes, crente um, incrédulo o outro.

CONCLUSÕES

1. O Novo Testamento (sem mencionar fontes históricas) faz referência aos familiares de Jesus, em ocasiões no contexto de seu grupo familiar primário, usando consistentemente a palavra grega para «irmãos» ou «irmãs» sem nenhuma restrição ou aclaração.

2. Não existe evidência substancial de que estes «irmãos» fossem outra coisa que não filhos de José e Maria.

3. Os irmãos de Jesus não podem ser identificados com nenhum discípulo em particular.

4. Os irmãos de Jesus eram incrédulos antes da ressurreição.

5. Os irmãos são claramente diferenciados dos discípulos de Jesus.

6. Portanto, a interpretação que apresenta maior evidência a favor e objecções menos importantes é que se tratava de meio-irmãos de Jesus, ou seja, filhos de Maria e José.

Comentários

  1. • Jesus chamado de "primogênito" porque foi consagrado a Deus como "primogênito" e Maria adotou outros filhos, não necessariamente biológicos, por isso que Jesus não é chamado de "único filho".

    • Mateus apenas mostra uma ação no passado, não uma continuação no futuro ("ATÉ QUE" não quer dizer uma continuação EXCLUSIVA de sentido oposto ao uma ação no passado, leia Salmos 112:8 Isaías 62:1, Mateus 28:20, 1 Coríntios 15:25).

    • Na lei divina, o marido tinha o dever de respeitar o voto de sua esposa (Nm 30:3-7), ou seja, a sexualidade não era algo obrigatório na casamento no conexto judaico pois dependia da vontade do casal.

    "E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?"

    Lucas 1:30-34

    Antes de Maria perguntar, o anjo disse nada de sua virgindade, por que Maria iria fazer essa pergunta sendo ela estava em comprometida em casamento com José ?

    "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele."

    Marcos 6:3

    Não faz sentido os nazarenos dizer que Jesus era filho apenas de Maria se Maria tivesse outros filhos BIOLÓGICOS.

    "Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, E COM seus irmãos (não Maria, mãe de Jesus e dos Seus irmãos)."

    Atos 1:14

    Nem Lucas e nem qualquer evangelista diz que Maria era mãe dos irmãos de Jesus assim como Maria era mãe de Jesus dando destaque que Jesus era o único filho BIOLÓGICO de Maria, mas não ignorando os irmãos adotivos de Jesus.

    (Não sou católico, acredito na virgindade perpétua e que os irmãos de Jesus eram Seus irmãos adotivos, não primos).

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